quinta-feira, 9 de outubro de 2014

Parabéns, coronéis.

- Renato, estive a ver uns vídeos no YouTube e como pode a propaganda política no Brasil ter palhaços, fantasias de super-homem, Barack Obama e todo tipo que lembra tudo menos política?

Foi aproximadamente esta a pergunta que recebi de uma colega de laboratório enquanto almoçávamos, um dia após o resultado das primeiras eleições deste ano. Neste momento, sinceramente, além da vergonha que tive, também não sabia de detalhes das eleições no Brasil, apenas o que foi noticiado em Portugal. Ou seja, 13 e 45 na segunda mão para o mais alto escalão da república.

Cheguei do almoço, e acessei o portal do Estadão, que ainda é gratuito. Comecei com os majoritários. Passei por onde já residi. Na seca braba, Alckmin foi reeleito, Lasier seguiu os passos da Ana Amélia no RS e Frejat no DF. O Frejat, para quem não sabe é o segundo substituto consecutivo nas eleições no DF e pelo mesmo motivo: os principais candidatos foram barrados pelo ficha limpa. A 1ª tentativa foi uma frustada e engraçada ideia de Roriz emplacar a sua esposa, Weslian. Famosa pelos seus desastrosos debates, que rendeu o 1º lugar no TOP FIVE do programa humorístico CQC, ela, assim como o substituto de José Roberto Arruda, chegou ao 2º turno. Para o congresso nacional, Tiririca novamente eleito em SP, seguido do Pastor Feliciano. O eleito "racista do ano" por uma ONG inglesa depois de distribuir amor a "tudo aquilo que não presta, quilombolas, índios, gays e lésbicas", Luiz Carlos Heinze, foi o mais votado no RS, tal qual o outro amoroso Bolssonaro no RJ, que também elegeu o seu filho para a assembleia carioca. Ao lançar o olhar para outras partes do Brasil, o destaque vai para o bonitinho Collor, que furou fila em sua sessão para votar e foi eleito novamente senador de AL. 

Ainda bem que lembrei do muito trabalho que ainda havia para aquela tarde e fui corar mais lâminas de esfregaço de sangue de meu querido ensaio em terras lusitanas. E fui com aquela sensação que, como o carnaval, se repete nos anos de eleições nacionais e municipais. Bem verdade que tive algumas felicidades também, como por exemplo a Manuela no RS e a ex-bancária Érika Kokay, uma colega que tive o prazer em conhecer no DF, a Bahia que afastou de vez o ACM e o baixinho 11, senador carioca.

Enquanto corava, fui além da pergunta de minha colega, como podemos elegermos tanta coisa amorosa? O jornalista Leonardo Sakamoto em seu blog argumenta que o congresso não ficou pior. Apenas está mais parecido com o Brasil.

A tarde passou e a ressaca da eleição desabrochou nas redes sociais, ou ao menos foi quando tomei conhecimento, na noite daquela segunda-feira. E até hoje, quatro dias após, não parou.

E de repente, outra vergonha desabrocha. O amor, o carinho, a educação e o respeito que um eleitor possui com aquele opositor ao seu voto. Disse no facebook, de repente, o Brasil virou Gre-Nal. Mas, no pior sentido que isso possa representar, o do fanatismo cego. Daquele que ao ver claramente a falta dentro da grande área, berra convincentemente, "NÃO FOI NADA! Amarelo pela simulação, e é o segundo! Tem que ser expulso esse FDP!". E se por acaso, o juiz erra favoravelmente ao seu clube, aplaude-o com maior fervor que um metaleiro em seu primeiro concerto do Megadeth. Infelizmente, é assim que andam as eleições brasileiras.

E comecei o auto-questionamento socrático, Por quê, por quê e por quê? 


Foi quando lembrei do livro que estou a ler, Verdade Tropical, do nordestino Caetano Veloso. Na semana passada fiquei espantado ao tomar ciência que ele teve aulas de francês, durante o ginásio, numa escola pública em Santo Amaro, interior da Bahia. Nesta altura, ele também assistia à cinemas italianos, franceses entre outros além dos americanos em 3 cinemas que haviam nesta pequena cidade. Foi em Santo Amaro também, que CV teve contato pela primeira vez com o estilo que acabava de ser criado por João Gilberto. Acompanhado de sua irmã mais nova, Maria Bethânia, e de outros amigos ginasiais, ficava em frente ao bar do Bubu, que tocava repetidamente o disco Chega de Saudade. Não a toa, João Gilberto é também uma forte influência na carreira de Caetano. Tanto João, quanto Caymmi, como a Tropicália traziam em sua essência a brasilidade e rejeitavam naturalmente a influência comercial das gravadoras norte-americanas.

Mas, por que trouxe essa reflexão para este texto? Por que falei em língua estrangeira no ensino médio? Por quê comentei em cultura e brasilidade? Por que comentei em Tropicália, que nascera e vivera seu auge em plena ditadura militar?

A resposta está diante de nossos olhos. Reparem na consequência histórica, sob o ponto de vista político, que a geração de Caetano, Gil, Chico e de meu pai tiveram ao terem acesso a um ensino básico de qualidade, ao terem acesso à cultura e ao orgulho patriotista que brotava nesta juventude "transviada". Responda tu mesmo(a), leitor(a), como vai a nossa juventude atualmente? Qual é o estilo musical que ela propõe? Qual o cinema que ela assiste? Qual arte ela se interessa?

Hoje, cada vez menos o brasileiro aceita uma opinião diferente. Ofendem gratuita, verbal e fisicamente como trocam de roupa. E aqui, engana-se quem acredita que é mérito apenas da política. Não raros são os duelos entre os que se julgam inteligentes e os analfabetos funcionais a respeito da opção sexual, das diferenças de gênero e racial. Ou para usar uma expressão corriqueira, das minorias X maiorias. O negocio hoje é bipolar, ou tu estás lá ou cá. Ou trepa ou sai de cima! Não tem vinho, dança, carícias, nem troca de olhares 43. Ou cospe na mão, ou a fila anda.

E nesta realidade de diálogos acirrados, quem sai fortalecido? Nesta última eleição foi o famoso e importante partido republicano brasileiro. O PRB pulou de oito deputados eleitos em 2010 para 21 agora e assistiu de camarote a queda da atual bancada governista (PT e PMDB encolheram 15%) bem como a estagnação da tucanada. Ou seja, esses partidos que ficaram em cima do muro e ainda jogavam lenha na fogueira de temas polêmicos farão como manda a cartilha da política brasileira. Quer quem seja o presidente nos próximos anos, o apoio dará em troca de benefícios próprios e não da pátria.

Parabéns, coronéis, vocês venceram outra vez. O congresso continua a serviço de vocês. (Herbert Vianna)

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quarta-feira, 3 de setembro de 2014

Declame! Há uma poesia em você.

O bibliotecário (1566), de Giuseppe Arcimboldo
"Não há poeta sem pacto com o capeta. O caldeirão que se vai arder no inferno é uma questão de escolha" Roberto Juliano
Não foi desde sempre que interesso-me por poesias literárias.

Muito embora sempre tive contato com elas, posto que sou filho de dois ex-professores, um deles formado em letras português-inglês. Eu também rabisquei algumas letras para a banda de forró que integrava nos anos 2000. Entretanto, foi no ano de 2003 que despertou o poeta escondido -Pois sim, em todos nós há um poeta adormecido.

Irremediavelmente metamorfose de Paulo Leminski

Que existe mais, senão afirmar a multiplicidade do real? 
A igual probabilidade dos eventos impossíveis? 
A eterna troca de tudo em tudo? 
A única realidade absoluta? 
Seres se traduzem. 
Tudo pode ser metáfora de alguma outra coisa ou de coisa alguma. 
Tudo irremediavelmente metamorfose!

E foi graças a um professor de literatura do cursinho pré-vestibular da poli, Roberto Gonçalves Juliano (se quiser conhecer um pouco mais deste canalha, que é compositor dos hinos municipais de Pederneiras e Itanhaém, veja o vídeo abaixo). Foi ele quem fez eu amar Macunaíma e tornara-se cúmplice dos poemas que fazia naquele ano. Era uma espécie de ritual. O poema só ficava pronto depois de passar pelos olhos deste querido. Lembro-me perfeitamente a reação de um poema que fiz para conquistar uma mulher na sala, que resultou num namoro de 5 anos.

- Hum, onde você quer chegar? - perguntara-me com o seu olhar ácido.
"Na vida e na arte, temos sempre que ter a companhia do demônio" Oscar Wilde
Desde então, poemas chamam-me atenção. E sempre na ordem, uma primeira leitura avaliadora de merecimento da segunda leitura. Já que a segunda é artística e expressiva, onde ocorre a declamação. Quando o poema toca-me, na primeira leitura já estou a declamar. Adoro declamar poemas, e o faço em público após uma leve alteração no estado etílico.



Certa vez, uma amiga, escritora, poetisa e atual aluna de mestrado em história da literatura vinha da sua sessão de autógrafos da feira do livro da Universidade Federal do Rio Grande (FURG) e trouxe um exemplar do livro poetas de pijama (você pode lê-lo online aqui) ao nosso encontro, num bar na praia do Cassino. Quando passei o olho no Interessados, hum, que poema safado! E declamei para todos que estavam a celebrar, na nossa mesa e nas vizinhas. Após, Mitch disse, Renatão, eu fiz o poema para ser lido assim! E percebi mais um poder subliminar da poesia. Viva a poesia!

Interessados de Mitcheia Guma Pinto

Num estado
Não planejado
Tu vens comigo
Embaraçado
Calado
É engraçado
Não imaginado
Movimentado
E ritmado
Parece nos ter levado
Embriagados
Sem um passado
Ou desusado
O não falado...
Não fica parado!
Nem estamos cansados
E no chão, jogados
Os dois lado a lado
Corpos colados
Despedaçados
Lábios rosados
Rostos ruborizados
Corpos molhados
Os dois sossegados
Deitam realizados
Ápice alcançado!

Cartaz promocional do lançamento do livro em 2013.
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sábado, 30 de agosto de 2014

Sopre com fé

He who binds to himself a joy
Does the winged life destroy;
But he who kisses the joy as it flies
Lives in eternity's sun rise. 
(Ethernity, William Blake)
Antes de começar a ler, caro leitor, cara leitora, sugiro um acompanhamento. Dê o play no vídeo e boa leitura. Se tiveres a oportunidade, um vinho tinto também cairá bem.



É verdade que um livro não se julga pela capa. Mas, é verdade também que a capa é um potencial critério para incluir em sua cesta de compras quando passeámos em uma livraria em busca de livros, embora nenhum em específico. E, se há uma loja que tenho coragem de acompanhar minha mãe, é de livros. As demais, prefiro tomar um gelado e andar pelos corredores do centro comercial.


E foi numa dessas que mostrei entusiasmado a minha mãe, Mozart na Selva – Sexo, Drogas e Música Clássica de Blair Tindall. Um título para lá de autêntico, a transmitir a mensagem, sexo e drogas não são méritos do rock’n roll, apenas. Uma capa lindíssima, ilustrada por Victor Juhasz, com vários Mozarts com diversos instrumentos e uma mulher nua a segurar outro instrumento desconhecido em meio à selva rodeada por prédios. Mais tarde, associei que os prédios eram de New York, a bonita era a escritora e o intrumento era o oboé, “um vento doente que nunca sopra bem”, uma anedota do comediante Danny Kaye.

O oboé era desconhecido até para Tindall quando este foi escolhido para ser o seu instrumento. Em 1971, a Escola Primária de Carolina do Norte ganhou alguns instrumentos e o líder da banda optou por distribui-los alfabeticamente, pelo último nome. Sobraram o oboé e o fagote, do tamanho de um poste, para Blair. “Eu fico com o mais pequeno”, e assim nasceu uma história para lá de aventurosa, repleta de incertezas e frustações ao longo das vitórias naturais de quem é competente e não foge à luta.

Blair Tindall e o oboé (foto de Christian Steiner)

Blair traz uma séria e detalhada investigação jornalística sobre os bastidores e os fossos das orquestras sinfônicas. Aponta os erros crônicos das orquestras “beneficentes” (nos EUA, uma sinfônica é classificada de beneficência pública, tal qual hospital público, biblioteca ou museu), desde as suas origens, diante da vontade da América tornar-se europeia. Explicita a diferença salarial entre os executivos, maestros e até solistas para com os demais músicos das sinfônicas, que recebiam uma fração do primeiro grupo. E vai além ao apontar o dedo em suas próprias feridas, quando revela seus empregos conquistados em troca de sexo e o seu uso do álcool e de medicamentos para lidar com o fosso das orquestras. Para muitos músicos renomados, Tindall fez o melhor trabalho que evidencia a decadência da música clássica atual.

“Por que é que existem estes CD’s todos da mesma obra? Será que são assim tão diferentes?” perguntou um rapaz ao seu amigo quando encontraram Mozart, Mozart e mais Mozart numa loja. Todos, com a gravação da sinfonia Jupiter, apenas uma das mais de seiscentas obras do compositor. Tindall precisou acompanhar esta cena de dois desconhecidos que não sabiam nada de música clássica para compreender que “estava numa indústira narcisista que ficara parada no século XIX”. Curiosamente, eu também já fiz estas perguntas em uma loja de CD’s.

Evidentemente, ao longo do livro de 328 páginas, enriqueci meu conhecimento musical acerca do oboé e da música clássica. Um legado fantástico para quem almeja a música clássica. Mas, o que mais chama a atenção deste escriba, um leigo em música clássica, foge ao tema central do livro. É a história da vida desta oboísta que ficará em destaque.



Blair Tindall chegou próximo de seus 40 anos de idade a sentir-se incomodada em relação à sua frustração artística profissional, à sua insegurança financeira e ao caos pessoal que sua vida tornara. Eram tão frequentes e pertubadoras estas incertezas que em diversos momentos vinham-lhe pensamentos depressivos que aumentavam ainda mais esta interrogação. Certa vez, durante uma gravação da trilha sonora do filme Snake Eyes, ao visualizar os arcos dos violinos subirem e descerem, Blair lembrara de uma cena de Ben Hur onde escravos de galés remavam sem terem ideia nenhuma para onde estavam a ir. Qualquer semelhança com o profissional pesquisador no Brasil é mera coincidência, ou não!

Baseada em testes vocacionais que fizera, Tindall abandonou um salário de 82 mil dólares com seguro saúde, pensão e horário flexível para ingressar na faculdade de jornalismo com poucos rendimentos e um futuro mal pago à vista. Era um desejo interior de sentir-se útil, de provar a si mesma que possuía outra habilidade senão a música e conseguir empregos pelo seu valor e não pela cama.

Ironicamente, sua última noite em NY antes de rumar à Stanford University, foi chamada para ser, o que até ali lutara, oboísta principal da Ópera de Nova Iorque. Em mais de um quarto de século, Blair dedicara à música e o máximo que conseguira em sinfônicas fora ser oboísta secundária em freelances. Blair nunca havia tocado a ópera Don Giovanni de Mozart e, por ao menos uma vez, tinha posse de um bocal fantástico (os bocais de oboé raramente são bons, pois variam de intrumentista e de intrumento, obrigando cada músico a fazer o seu com bambu). 
“A música saiu naturalmente e cheia de expressão, e todos os outros instrumentos responderam. Era uma elegia apaixonada pela morte da minha carreira musical”
escreveu em seu livro. É possível perceber a tristeza misturada com o prazer e a convicção de Blair como quem diz, deu pra ti, baixo astral. Mais tarde, no camarim, um violinista dissera-lhe: 

- Todos esses anos. Como é que nunca soubemos que tocavas tão bem?.

Entretanto, Blair não se deixou levar e “sabia que a noite tinha sido apenas uma dádiva isolada, uma ameixa perfeita de uma árvore que dava pouca fruta”. Vou para Stanford, tchau!

Tindall foi a mais velha de sua turma de jornalismo, e entrou de cabeça na sua nova carreira com um estágio no jornal da zona com um salário de 15 dólares a semana, que a fez “torná-la humilde”. Amou a sua vida da escrita, que incluía fazer críticas de exposições e guiar pela costa da Califórnia escrevendo sobre lagos naturais e passeios para a Sierra e foi colunista do New York Times. Atualmente, Blair exerce a profissão de jornalismo e de músico em part-time. Com esta escolha, Blair passou a gostar de tocar oboé, uma vez que já não tinha de ser músico por obrigação.

Enquanto lia o livro, diversas vezes peguei-me com os mesmos questionamentos. Onde estarei nos meus 40 anos? A vida está a passar, e para onde estou a remar? Certa vez, li um blog de uma neurocientista que questionou: Você quer mesmo ser cientista? Assim como Tindall, a blogueira Herculano-Houzel expõe os bastidores de uma "pseudo-profissão", porque o ofício pesquisador registrado, carimbado, avaliado e rotulado no Brasil é raro, se quiser voar. E os questionamentos que esta colega aponta em seu post são naturais de um aluno de doutoramento, especialmente conforme aproxima-se o limbo. Mais tarde, ela rascunhou uma proposta de reforma, provavelmente, ao ser exorcizada por fazer uma campanha anti-pesquisa no Brasil, o que não é verdade. Veja aqui

O que eu posso dizer hoje ao meu coração? Bem, nunca é tarde para segui-lo desde que ande com fé, que a fé não costuma falhar. Ainda que na próxima esquina eu sofra uma metamorfose, tipo Raulzito, baby. Exemplos não me faltam, um deles muito próximo. Minha mãe é licenciada em História, ex-pequena empresária de turismo ecológico, ex-proprietária de oficina de jipes, atual gerente em oficina mecânica da Troller em Angola e com aspiração a ser confeiteira em Portugal.

Fica aqui o meu registro a Blair Tindall por esta obra valiosa para um leigo de música clássica, inclusive. Obrigado!

Quer ouvir mais oboé, como eu? Aqui tem mais uma sugestão


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quarta-feira, 23 de julho de 2014

Você sabia que a CBF...

Bem, como diz o ditado, onde passa o boi, passa a boiada. Até este mês não escrevia de futebol, eis cá, novamente. Na brincadeira, com 5 curiosidades, inclusive para quem não gosta de futebol, especialmente por conhecerem dos bastidores dos cartolas.


Então? Você sabia que a CBF...

- nos últimos 20 anos mudou de técnico mais vezes que a seleção alemã em mais de um século?

- dará a Dunga a oportunidade de ser o 6º técnico que esteve em duas copas do mundo? Feola, Zagallo, Telê Santana, Parreira e Felipão já tiveram esta honra.

- parece ignorar a história da seleção ao repetir técnicos em copa do mundo? Todos pioraram o desempenho da "estreia", com resultados piores na segunda passagem.
  • Feola: Campeão em 58 e em 66 caiu na 1ª fase.
  • Zagallo: Foi tricampeão em 70, mas em 74 ficou em 4º e em 98 vice.
  • Telê: A exceção nos números, pois tanto em 82 como em 86 o Brasil ficou em 5º. Entretanto, não conseguiu repetir o nível técnico exibido na copa na Espanha, saudado pelos amantes deste desporto no mundo inteiro.
  • Parreira: Técnico do tetra em 94 e eliminação nas 4ªs de final com o gol do Thierry Henry. O que o Roberto Carlos tinha na meia até hoje é uma interrogação.
  • Felipão: O pai da família do penta em 2002 levou a maior goelada da história numa semi-final, 7x1 da Alemanha.
- gastou mais de R$ 15 milhões em reformas na Granja Comary, o centro de treinamento oficial da seleção, para o mundial e que agora irá... entrar em reforma novamente? Sim, esqueceram de privacidade para treinos secretos. Eureka! Eis a razão dos 7x1 da Alemanha!

- desde 2006, escolhe apenas treinadores gaúchos, tchê? Dunga, Mano Menezes, Felipão e Dunga outra vez. Haja fogo de chão! 


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segunda-feira, 14 de julho de 2014

A derrota de quem?


Este blog procura não falar de futebol. Não que eu não aprecie, pelo contrário, mas receio perder leitores que não gostem deste desporto e, por isso, evito o assunto. Mas, depois do Brasil levar 10 gols nas duas últimas finais do mundial 2014, ficou difícil de conter as palavras. Talvez se estivesse no Brasil, falaria pelos cotovelos com amigos(as) num boteco e este blog seguiria a regra.

Mas, amig@s, não é de hoje que o futebol brasileiro aponta defasagem em relação ao praticado em outras partes do globo. Em 2010, o SC Internacional foi eliminado de um mundial pelo Todo Poderoso Mazembe. Ano seguinte, um clube brasileiro, o SC Corinthians Paulista, foi, pela primeira vez -e até então única na história, eliminado na pré-libertadores, pelo Tolima, da Colômbia. O Santos FC levou duas goleadas do FC Barcelona, uma delas no mundial. No ano passado, o galo mineiro foi eliminado por uma equipa marroquina, na mesma competição organizada pela entidade maior. Agora, em 2014, dos quatros finalistas da copa libertadores, nenhum clube é brasileiro, o que não acontecia desde 1991. Repito, 1991.

Acontece que nestas horas é mais interessante gozarmos os rivais perdedores que sarar a ferida exposta. Os torcedores agem como marionetes, pois ao invés de cobrarem atitudes dos cartolas, vão ao CT e destroem patrimônios que o clube construiu ao longo de décadas. Pedem cabeças de jogadores. Vide o Fred neste mundial. Até hoje defendo o gajo. Por acaso foi o Fred quem convocou os 23 jogadores? Foi Fred quem escalou-se titular? E, do que vale ter Romário ou Ronaldo no time, se não há um Mazinho ou Rivaldo para os assistirem?

Isto tudo é tão orquestrado, que por vezes parece-me que já estava no script feito pelos cartolas para desviarem de seus focos as suas verdadeiras responsabilidades. Cria-se na verdade um escudo, quando cada um olha pro próprio rabo, leia-se clube. Mas, na seleção brasileira, numa copa do mundo, o cenário muda, pois estão finalmente todos num só ritmo. E aí, uma vitória serve para mascarar o que está errado e uma derrota serve para jogar tudo fora. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.

Quem acompanhou-me neste mundial pode confirmar, mas eu não dei muita bola para a canarinha. No jogo contra a Colômbia, em alguns momentos, torci até contra a seleção cebeefiana. Nos jogos do Brasil, sempre que tive a oportunidade de conversar com alguém não hesitei. Isto é estranho para um brasileiro?

Até seria se não fossem as minhas leituras acerca de:
1) como foi realizada esta copa no meu país;
2) como a cbf é um clube de amigos (com a conivência, inclusive, do meu clube de coração);
3) como o selecionador e sua comissão técnica é ultrapassada e midiática e;
4) como a FIFA mandou no meu país, onde passou por cima até a presidenta da república ao demolir a marquise do ex-Maracanã, patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2000.

Eu até teria outros motivos para listar, mas giram em torno destes 4, como por exemplo, a troca de treinador. Não aceito até hoje o Mano Menezes não ter tido a oportunidade de terminar o trabalho que lhe fora confiado. A base do time do sabichão Big Phill foi tirada de um trabalho de renovação que o Mano teve a coragem de fazer, após a era Dunga. Para piorar, uma troca que não foi por motivos técnicos, mas sim, novamente, para servir de escudo, já que Mano não gozava de popularidade e a máfia da CBF começava a ser denunciada massivamente pelos meios de comunicação, inclusive populares. Atentemos ao recente currículo do novo selecionador: 1) perdeu uma eurocopa por Portugal, disputada em casa, para a Grécia; 2) demitido do Chelsea antes do término da temporada, quando ainda havia mais dois anos de contrato; 3) demitido de um clube usbeque; 4) rebaixou, pela segunda vez na história, a SE Palmeiras. Depois de tudo isso, é difícil aceitar que os critérios para a troca foram técnicos/tácticos.

Paul Breitner, campeão mundial em 1974 pela Alemanha ocidental, participou de uma sabatina no programa Bola da Vez, exibido pelo canal ESPN Brasil, em abril de 2013 e disse que o Brasil "precisa aceitar que joga um futebol do passado". Não soa-te estranho que Ronaldo fenômeno, Deco, Juninho Pernambucano e Seedorf tenham passagens recentes, curtas e brilhantes pelo Brasil onde na Europa já não havia mais espaço para eles? O reizinho da Colina sequer conseguiu destacar-se na MLS (Major League Soccer) em seu final de carreira e regressou ao CR Vasco da Gama após recindir seu contrato nos EUA.

Mas, o que cuidam do futebol acham que sabem tudo deste desporto, quando não são capazes de fazer sequer uma embaixadinha, como disse Romário. Nesta mesma sabatina, Breitner dizia que a Alemanha, até 2002, pensava apenas de dois em dois anos, quando disputavam o mundial ou a eurocopa. E, quando venciam um torneio, acreditavam que os alemães sabiam tudo de futebol, e que eram os outros quem deveriam aprender com eles sobre futebol e cravou: "o Brasil acha isso hoje!". E não é que o Scolari confirmou ontem, após a derrota para a Holanda, exatamente o que Breitner disse em 2013. "Eu? Não preciso [de reciclagem]. Quando ganhei a Copa das Confederações não veio ninguém aqui para se reciclar", arrotou o comandante gaúcho.

Paul Breitner aposentou-se um ano antes de eu nascer. Um ano antes de eu nascer também jogou aquele que é considerado pelo mundo inteiro o melhor Brasil que já entrou em campo, a seleção de 1982. Sócrates, Falcão, Júnior, Zico e cia não foram campeões mundiais, mas foram responsáveis pelo temor que as demais seleções tem ao jogar contra o Brasil. Temor este que esta seleção de Teixeira, Marin, DelNero, Felipão e Parreira acabara de jogar no lixo.


Juca Kfouri deu a seguinte legenda a esta foto: Missão cumprida!
"jogar futebol é um prazer, mas estou cansado das coisas que acontecem fora de campo" (Paul Breitner quando anunciou a aposentadoria).
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sexta-feira, 11 de julho de 2014

Nega Velha

Minha Nega Velha eterna!
11 de julho de 2014. Este dia não é apenas a véspera de meu aniversário, onde também jogará a seleção brasileira. Sim, eles foram humilhados pela Alemanha, apenas para coincidirem de jogarem futebol no dia do meu aniversário e, amanhã, os onze entrarão no relvado com os bonés inscritos com a hashtag joga pra ele e hashtag parabéns. Opá, muito prazer, Renatão, ou apenas R9.

Hoje, partiu uma guerreira que acompanhou-me durante pelo menos 15/16 anos. A Lanterna, uma réplica de labrador. Esta cadela, embora prefiro chama-la cachorra, chegou a minha vida através da minha mãe. Na altura, minha mãe tinha uma oficina de jipe na favela da Joaniza, em SP. Sempre ofereciam serviços ou produtos em troca de um trocado. Eis que uma cachorra preta dentro do carrinho de um catador de lixo junto a papelão, latas de alumínio e pets foi oferecida:

- 5 real, dona.

E minha mãe comprou. Na época minha mãe tinha mania de por os nomes de peças ou até marcas de jipe nos cachorros. Biela e Willys são exemplos. Eu brincava que era para lembrar o cliente. E, à nega de 5 reais deu o nome de Lanterna. Eu ouvi piadinhas mais tarde do tipo, é para lembrar a posição do meu clube. Mas, a melhor, que virou até sobrenome, foi:

- ô Renatão, esta lanterna está queimada! (Uma alusão a coloração de minha companheira).

Lanterna Queimada sempre foi de pouca atividade, sempre adorou latir para cachorros livres na rua e sempre fora obediente.

A Lanterna adorava tomar banho em São Paulo, porque sempre após eu desfilava com ela pelas ruas. Pegava escondido o condicionador de minha mãe para o pêlo dela ficar brilhante e sedoso. Ela tinha uma curiosidade muito particular. A Lanterna, embora tenha origens nas classes baixas, odiava trabalhadores braçais. Incrível, ela só mordia pedreiro, entregador de gás, carroceiro e outros do gênero. Nunca entendi como podia ter esse faro.

A exceção talvez seja o entregador de pizza. Afinal, minha mãe ensinara que eles são amigos já que sempre que pedia pizza em SP, pedia também umas esfirras a nega. E ela tinha a astúcia de vir a porta da cozinha e latir como quem diria, mãe, chegou a pizza! E mesmo depois, ficava impaciente zanzando de um lado a outro a espera da janta.

Por muito tempo ela viveu na terra da garoa. Até que em 2008, minha mãe aceitara o convite de trabalhar na Angola. Então, levei para junto de mim, no extremo sul do Brasil. Ela foi de carro, no banco de trás, junto de uma tv de 29 polegadas. Não deu um trabalho sequer, salvo logo no começo quando minha mãe alimentou-a poucos minutos antes de cairmos na estrada. Senti um cheiro estranho e ela tinha chamado o Hugo.

Foi a primeira e, espero, a única vez que fiz o trajeto SP-RS pela BR-116. Parei num hotel e perguntei, vocês aceitam cachorros? O recepcionista disse sim, mas na hora que viu uma labradora e não uma yorkshire vociferou, Mas, com este cachorro terá que ficar no térreo e amanhã a proprietária pode cobrar-te uma diária a mais. Os quartos no térreo eram mais caros, mas o cansaço fez-me aceitar as condições.

Entramos no quarto, uma cama de casal redonda. Dei comida a ela e pus a dormir no banheiro. Quando deitei pensei na situação: se vais pagar uma diária, dormirá na cama. E lá ficou até eu sair.

Esta foto fica nítido porque o recepcionista se assustou com o que eu quis dizer se aceitavam cachorros
A Lanterna adora dar-me surpresas próximo de meu aniversário. A maior foi exatamente no dia dele, 12 de julho, quando nasceram a segunda ninhada da vida de Lanterna. Desta ninhada surgiram o Pinguim, a Massinha, o Farol e o Chibata, sendo os dois primeiros os que mais tempo permaneceram comigo. E por três anos, comemorei aniversário junto destes grandes amigos.

Hoje foi o dia dela partir e ficam aqui algumas palavras em homenagem a esta companheira a quem tanto amei.

Até um dia, minha nega velha. Também te amo!

Uma verdade absoluta no cemitério da Cardeal Arcoverde, SP.

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terça-feira, 27 de maio de 2014

Deguste a solidão

Teatro Rivoli, Porto.
Deguste a solidão
Convide-a à cerveja numa final de campeonato. Depois, esticam-se os dois juntinhos a ver A noite, de Saramago, em cartaz no Rivoli.
As notas tocadas no piano também são solitárias. O dó é só um dó, assim como o ré, o mi, o sol... Tom Jobim precisou conhecer uma a uma para depois uni-las. Diante da multidão de acordes, a maestria da solidão.

Engraçado ficar triste depois de tanto tempo longe da tristeza. É cá que a comida vem ao prato, a bebida ao copo e a lua solitária ao boêmio. 
Há quem diga que a solidão é privilégio dos terrestres. No começo, quando havia duas luas, era tudo mais colorido. Mas, desde que uma lua perdeu a sua companheira, e restou-a a solidão, a Terra foi enfeitiçada e tudo e todos são, no fundo, no fundo, solitários.
Contudo, a lua ainda hoje brinca. Acredita que hoje está na folha do mal-me-quer da margarida. E conforta-se que a próxima é do bem!

Sim, eu brinco com as palavras. Evidentemente que não são em todos os momentos, mas há alguns que despertam a minha criatividade.
Como percebes, junto com a magia europeia que vivencio, tomo goles de solidão. E, não trata-se de uma solidão amorosa, carnal ou coisa do gênero. É de partilhar momentos ao lado de alguém, independente do sexo, idade e credo. Um teatro, um concerto, uma caminhada noturna, um copo, uma risada.
Tenho a certeza que isso é temporário. Pois, estou a dedicar muito do meu tempo com o ensaio que está prestes a terminar. Quando chega a única noite da semana que teria liberdade de horário, estou tão cansado que não animo a sair. E mesmo quando saio, não animo a puxar um papo.
Isso vai terminar!

 

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sexta-feira, 16 de maio de 2014

És uma bruxa!

Hoje, brinquei a minha mãe, és uma bruxa! Partilho o mail que ela respondeu.


Sim, sou bruxa! Assim como todo ser humano o é! A diferença entre mim e os outros é que eu o sei, os outros, nem sempre. 

A bruxaria não é ciência, não é lógica, não é racional, e talvez por estes motivos as pessoas desacreditam que há magia em viver, que há magia a sua volta ao ouvir uma música, ao ler um livro, ao cozinhar o jantar,ao limpar a casa, ao amar as pessoas, enfim, tudo é mágico, e as poções e caldeirões estão em cada um de nós. 

As bruxarias são contrárias à razão, correspondem a uma porção do ser humano que, infelizmente, estão cada vez mais esquecidas, e são tão simples, tão elementares. Sabe o que é preciso? É preciso crer em uma força superior a qual podes dar qualquer nome, uma força benigna e generosa, da qual todos e cada um somos herdeiros diretos, que nos colocou neste planeta para sermos felizes, para realizarmos sonhos, para galgarmos metas. Basta lançar o teu desejo ao Universo, crer que ele é bom para ti e para os envolvidos, que não prejudicará ninguém, e, claro fazer a sua parte, que a mágica ocorre.

E, vou contar-te um segredo: depois da primeira bruxaria, de ter a percepção de que és capaz de fazer mágicas, as outras ocorrem ainda com maior intensidade, por que, julgo eu, se passa a CRER.

Amo você e sejamos todos bruxos do bem!


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sábado, 5 de abril de 2014

Procure saber

"Produzir, articular e disseminar conhecimento para aperfeiçoar as políticas públicas e contribuir para o planejamento do desenvolvimento brasileiro"
Isso que acabas de ler é a missão do IPEA, Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada, vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Em seus quase 50 anos de existência, arrisco dizer que nunca o IPEA esteve tanto na boca do povo como nas últimas semanas. O motivo, tu já deves saber. No dia 27 de março, na sede do instituto em Brasília, foram divulgadas duas pesquisas por diretores do mesmo. Uma delas foi o motivo de todo o bafafá, intitulada "Sistema de Indicadores de Percepção Social (SIPS)".

A jornalista Nana Queiroz inicia um movimento em reação à pesquisa SIPS

E foi pelas redes sociais que o IPEA caiu nas (des)graças do povo, especialmente, da ala feminina. De repente, tudo virou hashtag não mereço ser estuprada. E, eu que não sabia do que se tratava, talvez por não estar no Brasil, fiquei um bocado irritado com um mundaréo de amigas minhas a aderir este movimento.

"Puts, eu mereço ler isso?" e "Uaw, se você não merece, quem é que merece?" foram algumas de minhas inquietações com esta onda. Buenas, feicibúque é assim mesmo, amanhã não tem mais nada, pensei e fui durmir. Entretanto, ainda com isso na cabeça. No outro dia, mais do mesmo... Ô cacildis da minha avó, que p#%*a é essa? E, então, eis que um músico riograndino expôs sua indignação através da mesma rede que o bombardeava, a qual eu compactuei e comparti com meus amigos.

Pronto! Foi a fagulha que bastava para o estopim. Diálogos, ora em bom tom, ora acirrados, tomaram conta de quem questionou este movimento. Eu felizmente provei do primeiro, mas meu amigo William Tavares experimentou o segundo. Em diversos caso das pessoas que possuíam uma opinião contrária ou mesmo aquelas que apenas questionavam este movimento foram muitas vezes taxadas como integrantes de uma maioria. Você não passa por isso, você é homem, é branco e é heterossexual. Isso também aconteceu comigo.

- alguém aí sabe qual o perfil do entrevistado? Quem foi que solicitou tal pesquisa e qual foi o órgão? Foram as perguntas que eu fiz no post que compartilhei. E, antes mesmo de alguém responder, eu mesmo fui atrás disso e aí, plim! Primeiro, caiu a ficha de todo o bafafá. Era porque a pesquisa dizia que 65,1% dos entrevistados concordavam total e parcialmente que: Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas. Bem, vamos mais saber mais?

Quantas pessoas participaram?
- 3810.
Qual o perfil? - E aqui os espantos!
- 66,5% dos entrevistados pertenciam ao sexo... adivinhem? Feminino!?!
- 65,7 e 24,7% declararam ser católicos e evangélicos, respectivamente.
- 41,5% possuem o ensino fundamental incompleto, onde se enquadraria o atual secretário do Cassino, Nando Ribeiro, caso participasse dessa pesquisa.
- R$ 531,26 era a renda média domiciliar per capita.

Tirem vocês mesmos as suas conclusões!

Bem, nem todas as pessoas foram atrás dessas informações. E, algumas que foram ainda trataram como se estes dados dos participantes estivessem nas entrelinhas. Então, como é moda, essas lançaram um outro movimento de hashtag, eu não mereço ser enganada pelo IPEA. Alto lá, enganadas? O IPEA publicou todas as informações acima e qual foi a má fé do IPEA? Perdão, mas se alguém agiu de má fé, se essa seria a melhor expressão, esse alguém chama-se Nana Queiroz, cuja sua profissão é justamente divulgar informação, conhecimento! Apenas porque deram-se o trabalho de informar-se, julgam-se como enganadas. Já vejo a cena no próximo vestibular ou concurso público, uma onda de hashtag Eu não mereço ser enganado pela FUVEST ou pela CESGRANRIO. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra, não é?

A ex-universitária (?) Geisy Arruda estuprou foi o português hehe
Entretanto, para mim, ninguém teve pior atuação nesta história toda que a Dilma Roussef, a nossa presidenta. Ela foi solidária à jornalista Queiroz. A pena foi que Dilma perdeu uma excelente oportunidade de divulgar e pronunciar-se a respeito da segunda pesquisa que foi anunciada no mesmo dia da SIPS, como anunciei acima. A nota técnica intitulada: Estupro no Brasil: uma radiografia segundo os dados da Saúde foi, para nosso conhecimento, "a primeira pesquisa a traçar um perfil dos casos de estupro no Brasil a partir de informações de 2011 do Ministério da Saúde". Ou seja, fotografou um cenário real tupiniquim. E se tu, leitor(a), já ficastes espantado(a) com os dados acima apresentados, poderás chocar-te ainda mais com este estudo. Estima-se que no mínimo 527 mil pessoas são estupradas por ano no Brasil e apenas 10% chegam ao conhecimento da polícia. Dessas que possuem conhecimento, 89% das vítimas são mulheres e nada menos que metade são crianças de até 13 anos. Se somarmos jovens e adolescentes, de 14 a 17 anos, este número salta para 70%.

Respira!

Não, você não leu errado. Metade das vítimas de estupros são crianças de até 13 anos. Inevitável não fazer o questionamento, crianças usam roupas a mostrar o corpo e por isso são atacadas? E o choque não para por aí. O cenário brasileiro aponta que apenas 12,6% dos estupros cometidos em crianças são desconhecidos. Amigos, padastros, pais e namorados das mães são os que encabeçam a lista de violência aos miúdos. "No geral, 70% dos estupros são cometidos por parentes, namorados ou amigos/conhecidos da vítima, o que indica que o principal inimigo está dentro de casa e que a violência nasce dentro dos lares.", diz a nota do IPEA.

E, então? Concordas comigo que a Dilma perdeu uma oportunidade de pronunciar-se a respeito desta triste realidade brasileira e que isto merece mais a atenção que uma pesquisa de opinião? Ou será que aproveitou o desvio de atenção para varrer a sujeira para baixo do tapete? Sim, pois vamos lembrar que o IPEA é vinculado à Secretaria de Assuntos Estratégicos da Presidência da República. Ou seja, lá está para assessora-la.

A presidenta perdeu uma excelente oportunidade de pronunciar-se a respeito da realidade brasileira. Mas, será que convém? 
Mas, o tema tem pano para a manga... Ainda ontem, 4 de Abril, o IPEA divulgou uma errata(?). Na publicação da pesquisa SIPS, houve uma inversão de gráficos em duas perguntas. E qual era a pergunta que primariamente fora publicado com dados trocados? Pode rir, a própria!

Veja a inversão que o IPEA fez e os reais valores da pesquisa:

Mulher que é agredida e continua  com o parceiro gosta de apanhar (Em %)

Sim, 65,1% concordam. Porém é com a afirmação acima.

Mulheres que usam roupas que mostram o corpo merecem ser atacadas (Em %)

Apenas 26% dos entrevistados concordam que a mulher que veste-se mal deve ser atacada.
Buenas, quem também não pode perder a oportunidade sou eu. Isto, pois que mencionei um grande parceiro das noites cassineiras e um excelente músico, William Tavares. Segue uma canja dele de uma música cujo um trecho cabe neste post... Isso aqui ooo é um pouquinho de Brasil iaiá!


O William tem um canal no youtube, quem quiser conferir um pouco mais do trabalho dele pode aceder aqui. Ou, melhor ainda, vá a alguma balada em Rio Grande, que muito provavelmente o verá ao vivo. 

 O que achou?

P.S.: Se você quiser aceder as duas pesquisas, basta clicar no nome por extenso de cada pesquisa citados no texto.


quinta-feira, 27 de março de 2014

Diário de bordo antártico


Hoje recebi um mail de um bróderzão. Aqueles que, já que não nos encontramos pelo útero, a vida proporcionou uma situação para trombarmos-nos nesta breve jornada. Que, aliás, por ser breve, deve ser vivida!

E é exatamente sobre a tua vida vivida que ele tratou neste mail. O Jhonny -que não corta o cabelo, que é feio, mas é roots! está a viver uma experiência inédita em sua vida. Ele ama embarcar, e sempre teve vontade de conhecer o continente Antártico. E não é que a vida gratifica aqueles que sabem o seu rumo e navegam em direção à felicidade. Este ano, lá foi o roots enturmar-se com uma comunidade mais roots ainda.

- Não tenho o email de todo mundo... qualquer coisa encaminhe, solicitou o meu bródér. Então, como manda quem pode, obedece quem tem juízo, cá está a íntegra deste relato muito bacana de como devemos enxergar as oportunidades que nos surgem.

Ah... Antes que o movimento Procure Saber, encabeçado pelo Rei Roberto e apoiado por Erasmo, Gil, Caetano, Djavan e Milton Nascimento (quem não acredita é só clicar aqui), processe-me, solicitei a autorização deste capítulo da biografia de Jhonny.

Divirtam-se!

Jhonnão, um dos pesquisadores brasileiros que embarcaram para Antártica em 2014.
(Foto retirada do álbum de Elisa Seyboth)
--
E ai meus amigos!!! As coisas aqui estão ótimas!!! Finalmente estou em terras ou águas antárticas!!! A beleza é extraordinária... é difícil de explicar. A vida esta em todos os lugares! Parece que o homem não faz a mínima diferença aqui... É um lugar muito imponente, onde a natureza é quem comanda...

Em termos de trabalho infelizmente não esta sendo muito proveitoso. Um dos navios brasileiros pegou fogo. Não foi nada muito sério, mas danificou um dos geradores. A finalidade desse navio é dar logística a base Comandante Ferraz, trazendo equipamentos, mantimentos, retirando resíduo da base, entre outras atribuições. Com esse incêndio o nosso navio (Maximiano) está realizando essas atividades e por isso as pesquisas a bordo ficaram comprometidas... Nós só conseguimos coletar cinco biopsias de Jubarte. Esse dia foi demais!!!! Estava nevando e o tempo estava bem ruim para realizar as biopsias, mas conseguimos!!! Afinal, o atirador é muito bom!!!heheheh Sou conhecido com " Um tiro, uma amostra"!!!hheheh. Ainda bem que nós decidimos coletar nesse dia. Por que no dia seguinte ficamos sabendo do incêndio. O Navio é muito bom!!! Até o primeiro momento estava ficando sozinho no camarote, mas depois do incêndio algumas pessoas foram deslocadas para cá. A comida é muito boa e, consequentemente, estou ganhando peso!!!! O que ajuda é que no navio tem academia e é bem legal. Além disso, estamos jogando todos os dias tênis de mesa. A noite o que a
gente faz é assistir filme, quando não tem alguma festinha (cerveja, cerveja, cerveja...).

Em fim, essas são as novidades!!!! Gostaria muito que vcs estivessem aqui e pudessem estar sentindo o que estou sentindo!!! É uma experiência única... Tomara que está expedição seja a primeira de muitas!! Em breve estarei em Rio Grande...

Pessoal, não tenho o email de todo mundo... qualquer coisa encaminhe

Um grande abraço a todos
--
Cá está, velho Jhonny! Encaminhei... à rede! Muito obrigado por compartilhar um momento muito mágico em tua vida! Amigos são também para isso, não é?

Rodrigão e Jhonny com seu amigo de neve, Tobias Augusto a bordo do HPo Almirante Maximiano (H-41).
(Foto retirada do álbum de Rodrigo Genoves)
Que a cada manhã, nasça uma nova oportunidade nesta tua experiência e na vida.


E aí? O que achou?

terça-feira, 25 de março de 2014

Andar de ônibus...


Semana passada, soube da polêmica que envolveu a atriz Lucélia Santos ao ser retratada em um ônibus coletivo na cidade que reside, Rio de Janeiro. Uma senhora ofereceu-se para auxiliá-la com sua bolsa e quando deu conta que tratava-se de uma personagem pública, rapidamente postou nas mídias sociais. E aí está feita a oficina do diabo. "Não está fácil para ninguém" foi o nível dos comentários feito pelos navegantes. E aí, está a grande ironia.

O arquiteto e especialista em transporte público Flamínio Fichmann disse ao jornal El País, "Grande parte das pessoas que postaram essa foto (com os comentários maldosos) devem usar o transporte coletivo também", ou seja, "existe um preconceito das pessoas em relação a elas mesmas. É uma questão de autoimagem". Logo, usam o transporte público porque são obrigadas, por não terem condições para uma outra realidade. E não porque é mais proveitoso, rápido, ecológico e econômico, inclusive.

E isto não há outra maneira de mudar que não uma vontade das autoridades públicas e das empresas de transportes. Não basta apenas proibir veículos com idade avançada de circular e colar um adesivo em cada um com o ano de fabricação e início de circulação, como é em São Paulo. O que precisa resume-se a uma palavra: Respeito! Respeito ao cidadão, do usuário ao funcionário da empresa de transporte.

Aqui no Porto, há uma campanha de incentivo ao cidadão utilizar o transporte público. Parte disso, imagino, foi que as autoridades perceberam que apenas autocarros, comboios ou metros novos; horários cumpridos para cada ponto de paragem; informação dos horários e das linhas em TODAS as paragens; conforto; avisos eletrônicos e sonoros da próxima paragem; aplicativo de smartphone para auxiliar as viagens; etc, não foram por si suficientes para convencer o cidadão de utilizar o transporte público. E, então, investiram em campanhas publicitárias como as que você vê neste post.


A outra parte, é fruto de uma política inversa à lulista. Da necessidade de um continente, e especialmente do país, imerso numa forte recessão econômica. Não permitem-se que a agenda pós-troika seja a de consumismo, de fácil acesso ao crédito e de cortes nos impostos dos produtos industrializados e de derivados de petróleo, como ocorre agora no Brasil. País este que foi atingido apenas por uma "marolinha" nos tempos auge da crise mundial. Aqui, é o inverso, se não tem, não pode comprar! Essa foi a educação que ganhei de meus pais na infância. Só que esse raciocínio é recente e decorre do filme inédito no Brasil, mas que os portugueses já viram.

Uns tempos atrás, aqui na Europa não importava como o cidadão iria pagar, nem a urgência e necessidade do que ele queria comprar. Você quer este produto? Compra! Não tem dinheiro? O banco empresta-te, sem complicações. E aí, houve a falsa impressão de que a classe baixa e média está em ascensão social. Afinal, carrões e casarões passaram a fazer parte de quem jamais imaginava que um dia poderia ter acesso. E, deu no que deu. O mundo gritou por socorro e hoje assistimos matérias como essa: Mais pobres, mais desiguais. Entretanto, ao meu ver, nunca ficaram mais ricos, mas sim endividados. E pior, numa dívida que não há condições reais de pagamento.


Portanto, para mim, não há outra solução, que não vontade política para mudar o cenário do transporte público no Brasil. E, francamente, você acredita nisso?

“O Brasil é o único país que conheço em que andar de ônibus é politicamente incorreto! Vai entender...”, desabafou a atriz pelo twitter depois da polêmica. O legal de toda esta história é que agora que ela tem voz, pretende falar com empresários e prefeito.
“Decidi aproveitar essa oportunidade para discutir publicamente a situação dos transportes coletivos no Rio. Eu posso fazer isso muito bem. Dona Francisca, minha faxineira que viaja três horas de ônibus para chegar ao trabalho, meu caseiro, meus funcionários do dia a dia não podem. E os que poderiam discutir o assunto, pois têm verve e condições para fazê-lo, não o fazem porque são egoístas, estão escondidos e refugiados nos seus carrões muitas vezes blindados, com medo dos ‘pobres’.” disse Lucélia Santos ao jornal OGLOBO.

Que mais atrizes e personagens públicos façam mais pela sua cidade, pelo Brasil, pelo mundo.

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segunda-feira, 24 de março de 2014

Viva Porto, em família!

Minha nova família na minha nova 2ª casa
Bem, eu contei no post anterior que está muito bacana residir novamente em uma família. É muito giro residir num lar com crianças e estou a adorar por demais passar a ser mais um integrante de uma família tão feliz.

Percebo que aqui no Porto, e não só no meu novo lar, os pais dedicam-se a acompanhar seus filhos na escola. Outro dia estive cerca de uma hora, ou mais, numa praça de alimentação de um shopping, situado ao lado do estádio do dragão. Próximo à mesa que sentei, havia um pai e uma criança. O pai estava a auxiliar o seu miúdo na tarefa escolar. Essa cena eu já havia assistido em casa com a Matilde. Ela é assessorada pelos seus pais, com a irmã mais velha e, recentemente, por mim. Sim! E mais, até já busquei-a na escola.

Talvez por esse acompanhamento familiar na escolaridade dos miúdos que surge o fruto da educação européia, ou ao menos portuguesa. Diversas vezes, sinto-me como um grosso na rua. Incrível como as palavras desculpe e licença é inerente deste povo no Porto. Um simples e singelo esbarro e pronto, ela aparece. E isso não se restringe a idade, pois muitos jovens também abusam dessa gentileza. Sempre que isso acontece, recordo de um esbarro recente meu que sequer levantei a mão e, por isso, sinto-me como um grosso. Não que eu não pretendo ser educado, mas sim porque em SP ou RS isso é quase que um carinho. Por vezes, eu estou a caminhar e quando aproximo-me de alguma pessoa a minha frente, epá, lá vem a palavra. É uma situação que ainda deixa-me sem graça.

Bem, se a minha família esforça-se para minha acolhida, eu tento retribuir em fazer parte dela. Nos últimos dois finais de semana, fui a dois sítios próximos, Póvoa do Varzim e Vila Meá. A primeira, uma cidade pequena, charmosa à beira do mar e a segunda fica no interior cercada de montes. O motivo de minha ida foi que moro com atletas mirins. A Ritinha é nadadora e há alguns anos compete por este Portugal a fora. Assim por ser, recusei os convites de festas e concertos para apoia-la. E, foi muito bacana! O foda foi acordar cedo também no sábado e domingo depois de uma semana cansativa. No domingo, então, puts... Foi difícil, mas fiz questão! Parte disso foi que a Ritinha saiu chateada no sábado, pois seu tempo piorou. E, nessas horas é que devemos mesmo apoiar, afinal de contas, eu sou Corinthians, ops, sou Fiel! E, lá fui assistir à prova que mais gostei da Bárbara Rita Souza. Você pode assistir no vídeo abaixo. Óbvio que ela é a protagonista :D Se num final de semana foi a vez de Ritinha, o outro foi de Matilde. Foi a segunda competição da miúda. Você também pode assistir, neste blog, à primeira das três provas dela neste sábado, 25m mariposa. A qualidade do segundo vídeo é inferior, pois improvisei com o tablet.

As piscinas municipais de Póvoa do Varzim ficam junto à praia.

















Se de um lado era praia, do outro era o estádio do Varzim Sport Club,
time da 3ª divisão nacional. Tive a sorte de assistir ao dérbi local.
Varzim SC 0x2 Rio Ave FC. OBS: Reparem o relvado da 3ª divisão.





Na passada semana foi dia dos pais aqui em Portugal. Eu entrei na brincadeira e comprei uma polo do FC Porto ao Paulo. Baita brother! Merece muito todo o amor em reciprocidade ao que entrega as suas filhas. Por falar em FC Porto, estou numa família portista fanática. Seu Agostinho, pai de Nando, que é irmão de Lisa, fica de fato triste quando o seu clube perde. Pude assistir isso de perto no domingo retrasado, quando perdemos do Sporting, em Alvelade, Lisboa. Você pode ter certeza, no jogo do FC Porto, se não estiver no estádio do Dragão, estarei na casa dele. Vou ser muito sincero, desencanei do Coringão aqui no Porto. Ahh, a distância e o fuso horário contribuem para tal, mas não é apenas isso. Eu, nos últimos tempos, enojei-me com muitos atos das torcidas organizadas do Corinthians. Lembra o bordão do ano passado? Feliciano, você não me representa! Idem, essas instituições. E isso se agrava com a conivência da diretoria do meu clube, do Estado e da justiça com os atos criminais dessas facções. E, isso não é exclusividade da torcida do Corinthians, infelizmente.

Pois bem, assim está minha vida familiar por cá. Domingo, é dia de almoço em família na casa da vó. Somos 10 no total, inclusive comigo. Café, jogatina, brincadeiras, etc... Agora possuo motivos suficientes para dizer que sou uma criança... feliz a brincar com verdadeiras crianças. E, isso inclui os avós, pais, e, as crianças de fato.

Lisa, Matilde e eu quando voltávamos das provas da miúda.
Volto com mais revelações desta experiência. Acho que a próxima será profissional. Já tenho curiosidades suficientes para um post.

Até.

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quarta-feira, 19 de março de 2014

Viva Porto!

Vista do Palácio de Cristal com o Rio Douro e Gaia ao fundo
Hoje, fazem dez dias que cheguei á Europa (NOTA: escrevo este post desde esse dia, porém, na data que foi publicado já fazem 16 dias). Na mala, além de roupas de frio, que ocupam volume, trouxe muita positividade transcendida de minha família e, especialmente, amigos. Foram duas semanas de intenso proveito, uma em Rio Grande e outra em Sampa. Desde já, sou muito grato a todos (sem citar nomes) que compartilharam momentos comigo. Sou muito feliz por ter as amizades que tenho e acho que isso não é gratuito. Enxergo como uma recompensa daquilo que semeio na vida.

A viagem em si já começou com surpresas. Não foi que encontrei um amigo de origem de Porto Alegre no avião a caminho de Madrid. A razão pela qual o Joaquín viajava, entretanto, não era das melhores, pois seu pai estava com problemas de saúde. Fica aqui os meus sentimentos, amigo. Já enfrentei esta situação e pode contar com a minha força!

Como sai do Brasil na madrugada, confundi-me com a data de chegada e alertei minha família errado. Não fosse pelo meu padastro e pelo wifi do aeroporto do Porto, teria já que enfrentar um imprevisto.

- Paulo, onde estás?
- Em casa.
- Não vais apanhar o Renato?
- Nando, o Renato só chega amanhã!
- Não. Ele está no aeroporto...

Entretanto, não aguardei muito.

Logo de cara fomos a casa dos pais de Nando. D. Amélia havia feito... adivinhem? Bacalhau! Em uma semana fiz um tour gastronômico português sem sair da casa de minha já avó. Arroz com polvo, feijoada a moda do Porto, iscas de bacalhau e muitos outros dotes típicos de avó.

Estou na casa da irmã de Nando, a Lisa. Ela é casada com o recém Dr. Paulo. Eles tem duas lindas filhas, a mais velha, Ritinha, com 14 anos e a Matilde, com 7. Está muito giro (bacana) esta minha experiência de morar em família novamente. E parte disso é pela acolhida que tive dela. Sem dúvida, grandes passos à frente nesta adaptação. A Matilde virou uma grande companheira, adoro brincar com ela.

Além da minha família quem eu também peguei de surpresa foi a equipa do laboratório. A Helena Peres revelou-me que aguardava um mail meu para ir buscar-me e começou a buscar lugares para eu ficar quando de repente chega um mail ao meu orientador, Aires Oliva-Teles, com cópia a própria, que é seu braço direito, olá, estou no Porto, quando posso ir a faculdade? Conheci o laboratório já na primeira semana e, novamente, uma acolhida maravilhosa. Uma equipa grande onde o único homem é o chefe e, agora, eu. Todas demasiado atenciosas e esforçam-se para rapidamente adaptar-me Almoço na cantina da faculdade. 3€ uma refeição com 4 opções, carne, peixe, vegetariana e dieta (para os que estão em regime). Ainda não provei outra que não o pescado, bacalhau, dourada, robalo, arroz com mariscos, peixe vermelho, etc. Uma coisa fixe (bacana) que ainda não habituei-me é que na cantina dentro da universidade vende-se cerveja e vinho. Várias pessoas, especialmente professores consomem essas bebidas no almoço.

Olha, eu achava que o Rio Grande do Sul era um estado com maior concentração de pessoas bonitas, mas aqui no Porto, meu Deos... muita gente bonita e estilosa. Ainda não estou habituado a topar com diversas modelos no metro, comboio (trem) ou autocarro (busão). Nessa hora, lembro de Adoniran Barbosa a dizer em "conselho de mulher", se quiser tirar de mim alguma coisa de bão, que me tire o trabaio, a muié não.

Bem, na primeira sexta-feira desta época portuguesa, fiz balada em Aveiro. Lá encontrei uma amiga e rodamos como a música de Zé Keti e Hortêncio Rocha, em qualquer esquina eu paro, em qualquer botequim eu entro... Ô coisa boa essa Europa com relação a cerveja também. Diversas marcas a preços variados... a mais cara que tomei até então foram 6€. Caro para Portugal, mas para o Brasil nem tanto. Obrigado, Jeh! Adorei nosso rolê, muito giro hahaha. Entretanto, por increça que parível, bebia mais no Brasil que por cá. Digamos que tudo ao seu tempo e, neste momento, devo fazer o que foi-me confiado, não?

Bem, eu tenho tanto para falar-te, mas com palavras... estenderia demais este post. Então vou citar rapidamente algumas situações cômicas. Um desses dias fui ao SEF, serviço aos estrangeiros e fronteiras, para registrar minha entrada em Portugal, pois que entrei pela Espanha, como já disse. Segundo o google maps, tinha de ir de metro até o aeroporto e de lá caminhar mais uns 3 km. Optei por pegar um taxi. Entrei e solicitei a rua.

- Por favor, Rua do Pinheiro.
- Onde fica esta rua?
- Não sei, senhor.
- Mas, eu também não.
- Bem, se o senhor não sabe, eu que sou brasileiro muito menos...
- Eu não tenho obrigação de saber, não sou nenhum GPS.

E vi que o senhor saiu do sério. Ele já tinha saído do ponto e resolveu voltar para perguntar aos seus colegas.

- É lá no Porto, próximo à São Bento, disse um taxista muito educado.

Detalhe, eu peguei o metro nesta estação e o aeroporto fica a uns 30 minutos ou mais. Que raiva do google. E completou:

- Há um SEF aqui, porque não te informas?

Não restava-me outra senão, pagar a corrida e buscar informação ali mesmo no aeroporto. E foi aí que o taxista ficou ainda mais furioso. Eu compreendi perfeitamente, afinal, eu o tirei de uma longa grande fila de taxistas a esperar por uma corrida por apenas 5€, que foi o custo da volta ao quarteirão.  Entretanto, paciência! Já que não és um, deveria possuir um GPS no veículo hahaha.

Por vezes me sinto como uma criança que começou a caminhar recentemente. Outra vez, aguardei mais de 40 min um metro de uma linha que não existia. E, pior, todos os metros que ali passaram serviam-me. Acho que isso é normal, aos poucos pego as manhas da cidade e do transporte público. Entretanto, o mais bacana mesmo é que embora esteja a trabalho por cá, rodo pela cidade como turista ainda. Encanto-me com paisagens rotineiras aos locais e não resisto a tirar umas fotografias de minhas caminhadas. Sempre que comentam um caminho alternativo, eu não pestanejo: Pego!

E o motivo para tal são essas paisagens você verá abaixo... Todas as fotos deste post foram tiradas por mim, durante meu trajeto de casa à universidade ou vice-versa sem nenhum deslocamento específico para tal.








Nada mal, não é?

Bem, por enquanto é isso. Aos poucos, revelo mais detalhes desta minha aventura maravilhosa. Às vezes desconfio da realidade, pois tudo está a dar tão certo que não consigo acreditar que é assim mesmo, mas é! E sou muito grato a tudo e a todos que possuem colaboração neste processo. Muito muito obrigado!

Até a próxima!

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