segunda-feira, 15 de outubro de 2012

Un Nobel Extraviado

Artigo escrito por Luís Romano.

Si algo faltaba para terminar de desprestigiar al Premio Nobel de la Paz, otorgado por el Parlamento Noruego, fue la decisión de premiar a la Unión Europea. Esta distinción fue instituida en el testamento del magnate sueco Alfred Nobel para premiar “a la persona que haya trabajado más o mejor en favor de la fraternidad entre las naciones, la abolición o reducción de los ejércitos existentes y la celebración y promoción de procesos de paz”. Ya en el pasado hubo premiaciones que provocaron escándalo: un criminal de guerra como Henry Kissinger lo obtuvo en 1973, opacando el lauro que obtuvieran Martin Luther King, Desmond Tutu, Nelson Mandela, Rigoberta Menchú y nuestro Adolfo Pérez Esquivel en 1980. Antes, en 1936, otro argentino, Carlos Saavedra Lamas, había sido distinguido por su papel mediador en la fratricida guerra del Chaco entre Bolivia y Paraguay. Ya con la entrega del Nobel de la Paz a Barack Obama (2009) se podía percibir que el Parlamento Noruego estaba más preocupado por amigar a su país con los Estados Unidos que por premiar a quien realmente estuviera luchando por la paz. Ahora hizo lo mismo con la Unión Europea, a la cual en dos sucesivos referendos la población noruega rechazó ingresar. ¿Cómo premiar a una organización que, en estos momentos, ha declarado la guerra a sus pueblos imponiendo una brutal política de ajuste que sacrifica a sus poblaciones para salvar a los banqueros? ¿Cómo olvidar que la Unión Europea ha convalidado y apoyado el criminal bloqueo de Estados Unidos contra Cuba, sancionando en 1996 una “Posición Común” concebida para aislar y poner de rodillas a la Revolución Cubana? ¿Y qué decir del acompañamiento que la UE viene haciendo de las aventuras militares del imperialismo norteamericano en Irak, Afganistán, Libia y, ahora, Siria; o su escandaloso silencio ante el genocidio de Rwanda; o su complicidad con el colonialismo del Estado de Israel y su criminal política hacia la nación palestina; o su indiferencia ante la suerte de los saharauíes; o su abúlica respuesta ante la destrucción y la muerte sembrada por Estados Unidos en la guerra de los Balcanes? Como bien lo recuerda Pérez Esquivel, este premio parece destinado a encubrir y/o justificar las operaciones militares que la Unión Europea, a través de la OTAN, lleva a cabo en los más apartados rincones del planeta. Los parlamentarios noruegos necesitan, con suma urgencia, que alguien les enseñe la diferencia entre la guerra y la paz. Y que se aprendan de memoria el testamento de Nobel, porque ¿desde cuándo la UE ha trabajado para abolir o reducir los ejércitos existentes o promover procesos de paz, atada como está al aparato bélico norteamericano?

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terça-feira, 9 de outubro de 2012

Um dia memorável?

Nesta eleição votei numa candidata a vereadora que melhor satisfez aos meus critérios de seleção. Veja quais foram:
  1. Não podia ser partidário(a) dos Brancos (família que governa há 16 anos Rio Grande, RS).
  2. Deveria ser graduado(a). A minha tinha até Mestrado em Educação Ambiental.
  3. Soubesse a que se candidatava. Impressionante como tinha material de aspirante ao legislativo com propostas de executivo. Construir, reformar, ampliar, capacitar, etc.
  4. Apresentasse uma ideia clara e direta da opinião da candidata sobre alguns pontos bacanas, bem como a trajetória de vida. Gestão de resíduos sólidos, valorização de produtos locais, mobilidade urbana, saúde e bem estar e energias alternativas eram os tópicos que constavam no material que conquistou meu voto. Alguns registros de suas participações em projetos como o Rondon e de Educação Ambiental nas escolas, somados a presença em congressos e no ato público em POA pela luta do Piso Nacional do Magistério corroboraram sua militância.
Infelizmente, minha candidata não foi eleita. Barbara Milene Machado, pelo partido verde (PV), obteve 51 votos, quase 5 vezes menos que o mais votado do PV (248). Aliás, este partido nunca ocupou uma cadeira na Câmara Municipal riograndina. Também, pudera, havia um político que afugentava a população. Por sorte, o senhor Filó esteve ausente nestas eleições.
Não estou decepcionado pela não eleição de minha candidata, pois a convicção que tenho da valorização do meu voto, de que votei limpo e pela minha cidade me fazem em paz com minha consciência.
Caberá a minha candidata não desistir e avaliar sua candidatura, que acredito ser debutante. O maior erro de minha candidata foi não ter cuidado com sua imagem junto ao seu eleitor. Eu passei duas semanas procurando a Barbara, que hora era Barbara Milene, ora era Barbara Machado, mas ela sequer tinha um blog, um twitter... nem um perfil no facebook me consolava. O PV de Rio Grande também. "E isso é absurdo", diria meu xará Russo, Dado e Bonfá. Um partido que tem a bandeira que tem, na década de 10 do século XXI, não ter um sítio eletrônico é absurdo! Fica a experiência para esta bacharela e licenciada em História pela FURG, que me agradaria muitíssimo sua persistência na sua carreira política, desde que permita-me curtir e compartilhar.
Mudando de assunto, mas dentro do tema, que fantástico a queda da dinastia Branco. Agora, uma dúvida me faz pertinente: o povo está a comemorar a eleição de Lindenmeyer ou a queda do Branco? De todo modo, está anotada a data, 07 de Outubro de 2012, dia em que meu deputado estadual (sim, ajudei a elege-lo) calou a família Branco.
Alexandre Lindenmeyer (PT) quebrou 16 anos de sequência do PMDB e da família Branco. Foto: Fábio Gomes
Aliás, Rio Grande fez bonito nas urnas, 84% do eleitorado compareceu, e dos presentes, menos de 6% votou branco e nulo. Para servir de comparação, o maior fórum eleitoral do país, São Paulo, teve 81% de comparecimento e impressionantes 897.791 votos brancos e nulos (13%). Isto significa 6 cidades com eleitorado do tamanho de Rio Grande rasgando seu voto. O exemplo extremo vem de Santa Catarina, em Criciúma, 75% votou nulo. Resultado: uma cidade com quase 140 mil eleitores elegeu um candidato com 21415 votos, 80% dos votos válidos. Protesto? Mensagem aos políticos? Será?

E você? O que achou?

segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Conhece-te a ti mesmo, no bar.

Como seria Sócrates nos dias de hoje? Quanto tempo vocês acham que ele teria de vida? Ou melhor, com qual idade e como ele seria condenado a morrer pela neoassembleia sofista? (Morte de Sócrates, Jean-Louis David, 1787)


Trabalhar diretamente com as pessoas é uma ótima oportunidade para compreendermos como é e como está organizada a sociedade. É curioso notar como que um simples chamado para o garçom atender uma mesa pode dizer tanto de uma pessoa. É perceptível em diversas situações a educação, a gentileza, o charme, a humildade e uma série de características pessoais que estão embutidas na expressão corporal. Assim o garçom já se prepara psicologicamente quando sente a arrogância e a grosseria de uma pessoa ou arma o sorriso contagioso de quem o solicita. Este tipo de trabalho permite que o ser humano reflita de questões sociais e adquira sabedoria.

Certo dia um rapaz no bar se dirigiu a mim e disse,

- Tchê me dá um toque quando retirar a minha cerveja do balcão.
- Perdão eu retirei sua cerveja, havia bebida ainda?
- Não, eu estava bebendo a cerveja do rapaz ao lado pensando que era minha.
- Ah… -pensei, a tua cerveja estava vazia e você bebeu a cerveja do vizinho, e a culpa é minha?!?- Ok, perdão, aceita outra cerveja?

Não é de hoje que o ser humano abandonou o Nosce te ipsum escrito na cidade de Delfos, na Grécia antiga. Em latim, Nosce te ipsum significa: "Conhece-te a ti mesmo" e esta mensagem aparecia no portal do santuário dedicado ao deus Apolo, deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria. Em minha opinião há uma transferência de erros na situação acima do tipo a culpa é minha e ponho onde bem querer. Não seria mais elegante e enriquecedora a atitude de assumir o erro e corrigi-lo? Mas, é cômodo apontar ao invés de reparar. Melhor então quando a pessoa a qual se transfere o erro esteja em um nível inferior, neste caso, o garçom é submisso ao cliente.

Com o tempo que tenho nesta passagem, aprendi que muitas vezes, senão todas, é melhor permitir uma pessoa achar que é esperta, que está certa quando está errada. Isto porque, geralmente, quando eu exigia a verdade e o certo no trânsito, na feira, no bar ou onde que que esteja, isto fazia mal a mim. Tanto pela alteração no meu estado emocional como pela consciência de que aquela pessoa com a qual houve o atrito não se deforma, está livre desta mesma força que impede o movimento. Ela não está disposta a mudar, a ceder. Talvez a única coisa que entrou na cabeça dessa pessoa nas aulas de física foi "desconsidere o atrito" das questões de provas.

Já leram a história abaixo?

Certo dia o pai observa seu filho raivoso. O pai leva um saco de carvão até o filho e diz para descontar toda sua ira arremessando os carvões numa camisa branca no varal supondo que esta era quem ele estava com raiva. Ao acabar com os carvões, o menino estava cansado e alegre por alguns pedaços terem acertado o alvo. O pai o colocou diante de um espelho que leva um baita susto, pois apenas enxergava seus dentes e os olhos. Ou seja, o mal que desejamos aos outros é tão mal como o que nos acontece com os resíduos deste pensamento.

"Cuidado com os seus pensamentos, eles se transformam em palavras; Cuidado com suas palavras, elas se transformam em ações; Cuidado com suas ações, elas se transformam em hábitos; Cuidado com seus hábitos, eles moldam o seu caráter; Cuidado com seu caráter, ele controla o seu destino."

É bem isso! Deixe o cidadão achar que o erro foi meu, aliás, crescerei mais ainda se realmente enxergar o erro em mim. No fundo, no fundo, torno uma pessoa mais compreensiva de mim mesmo. Vejam, também não digo que devemos nos abster e deixarmos o errado passar por certo, mas é tarefa nossa identificarmos quais os momentos oportunos para tanto e quais aqueles que não fazem diferença alguma em nossas vidas.

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quarta-feira, 1 de agosto de 2012

Uma história de cerveja

Tap House Pub, Hampton, VA, USA - 2007

Certa noite de domingo, sai em procura de um lanche na gelada cidade de Hampton, da conservadora Virginia. Fui ao pub preferido, mas lá fui informado que a cozinha já fechara. Era uma rua cheia de pubs, então saí e entrei no do lado e perguntei: 

- Do you have dinner?

A garçonete respondeu positivamente e me perguntou se eu queria, Yeah! Aguardava o cardápio, mas a mulher pegou um copo grande estreito que alargava na boca, se dirigiu a uma das várias bocas de chope e foi lentamente servindo, aguardava a espuma baixar, adicionava um pouco e assim até completar. Achei que era um pedido anterior ao meu. Mas, ela veio em minha direção, pôs o copo no bar.

- Enjoy it!

Comecei a dar risada, expliquei o que realmente queria, ela se divertiu explicou que a cozinha, assim como no Marker 20, estava fechada e acabei que jantei o chope. Mais tarde vim a descobrir que trata-se de um "pão líquido", então fazia sentido o acaso desta situação. Acredito que o motivo de tal desentendimento foram a pronúncia do chope ser semelhante a da janta em inglês e o sotaque estrangeiro de quem recém chegou à gringa.

Quem não comunica, se trumbica.

A história da cerveja se confunde com a história da humanidade. Está provado, desde o neolítico, que o homem trabalhava além do necessário para a ferramenta ser útil, logo havia reais chances do produto da fermentação alcoólica fazer parte desta inspiração. Assim, não se tem conhecimento exato da primeira cerveja produzida. Especula-se que há mais de 10 mil anos o processo de fermentação já era realizado pelos sucessores do Australopithecus. Entretanto, prova arqueológica concreta é proveniente da Mesopotâmia no quarto milênio a.C. Tanto as altas classes ocidentais, sumários, babilônios e egípcios, como os orientais, chineses e japoneses realizavam suas confraternizações regadas à cerveja ou sake. Sim, o saquê é uma bebida fermentada do arroz e não destilado como algumas casas publicam em seu cardápio. Na Grécia e na Roma, a preferência era o vinho, tutelado por Baco. Neste período a cerveja perde o status quo, passou a ser a bebida das classes baixas, típica dos povos bárbaros. Embora tenha perdido seu status, a fabricação da cerveja evoluiu durante o período grego e romano.

Alô, Teresinha!

Feminino, esta bebida não poderia ter outro gênero. Desde o princípio a mulher tem seu lugar nesta história. Acredita-se que ela surgiu acidentalmente, numa fabricação de um pão. Na Suméria, esta atividade era caseira e realizada pelas mulheres. Já os homens gozavam nas tabernas, que eram geridas por elas. Comiam e bebiam o produto das mulheres. Talvez a grife mais antiga deste líquido seja Siduri, uma famosa taberneira citada na Epopeia de Gilgamesh. O nome cerveja também tem origem feminina. A bebida horrível dos Germanos e dos Célticos, como Tácito classificou, passou a ser chamada de cervisia ou cerevisia em homenagem a Ceres, a deusa romana da agricultura e fertilidade. Também empresta o nome ao microorganismo de metabolismo anaeróbico facultativo, Saccharomyces cerevisiae, a levedura. Portanto, queria deixar o meu mais um: muito obrigado a vocês, mulheres do planeta Terra e suas ancestrais. Por mim, se expandiria para 365 dias, o dia da mulher.














Na era medieval, os mosteiros passaram a ser os centros cervejeiros que impulsionaram a produção e o consumo da cerveja. Ou seja, a taberna entrou nos mosteiros. Não à toa, a igreja destinou a três santos o papel de serem padroeiros, protetores da cerveja e dos cervejeiros, Santo Agostinho de Hippo, São Nicolau e São Lucas. Evidentemente, os plebeus não tinham acesso, não eram very important person (menção honrosa para o filme estrelado por Wagner Moura, VIPs, clique aqui para assistir ao teaser). A mulher, neste momento, ainda contribuía no fabrico da cerveja, porém em processos rústicos. As cozinheiras fabricavam o pão molhado e deve-se muito a essas guerreiras a popularização da cerveja em muitas zonas da Europa. Não raro, o povo preferia cerveja à água, pois, nesta época, as más condições sanitárias contribuíam para tal já que a produção da cerveja eliminava muitas das impurezas contidas na água. Especulo até que, neste momento, nasce o termo que tanto brindamos, Saúde. Entretanto, uma prática incorporada até hoje ganhou força nos mosteiros. O uso do lúpulo (Humulus lupulus) no fabrico da cerva foi por razões técnicas dos monges cervejeiros, pois além de tornar as cervejas mais frescas devido ao seu amargor natural, as ajudava a conservar, já que possui propriedades anti-sépticas. Os monges eram malandros, no período que eram obrigados a jejuarem, produziam uma cerveja mais agradável ao palato e mais nutritiva. Assim, driblavam a abstinência de ingerir sólidos. Há relatos de monges que eram autorizados a ingerirem cinco litros de cerveja por dia. Salve o papa! Os conventos mais antigos a iniciarem a produção de cerveja foram os de St. Gallen, na Suíça, e os alemães Weihenstephan e St. Emmeran. Os beneditinos de Weihenstephan foram os primeiros a receber, oficialmente, a autorização profissional para a fabricação e venda da cerveja, em 1040 d.C. Com todo este orgulho, esta é a cervejaria mais antiga do mundo ainda em funcionamento e hoje é conhecida, principalmente, como o Centro de Ensino da Tecnologia de Cervejaria da Universidade Técnica de Munique. Vale a pena dar uma conferida no website dos beneditinos, você pode conhecer um pouco mais da história, baixar o hino, e até se divertir com um jogo de abrir garrafas de cerveja. Mas, o que vale mesmo a pena, quando tiver a oportunidade, é apreciar uma Weihenstephan.


Apreciando o chope escuro de trigo da Weihenstephan, a cervejaria mais antiga do mundo em atividade (Tap House Pub, Hampton, VA, USA - 2007)


















Como reportei, os monges serviram de grande contribuição ao fabrico da cerveja. E parte disso, foi porque produziam cerveja com tudo que lhes vinham a mente. Esta prática não se limitava apenas aos monges e de fato, ingredientes estranhos aromatizavam as cervejas como, por exemplo, folhas de pinheiros, cerejas silvestres e ervas variadas. Seria proibido produzir cerveja sem cevada? Esta era a dúvida sobre a cerveja nesta época. Tanto que em 1516, surge o que chamo do acordo vigente mais antigo e popular do mundo, a lei da pureza, instituída pelo Duque Wilhelm IV da Baviera. A Reinheitsgebot tornou ilegal o uso de outros ingredientes no fabrico da cerveja que não fossem água, cevada e lúpulo. Vale ressaltar que nesta data havia a ignorância da levedura neste processo. Mas, o curioso que hoje revivemos a história. Pequenas cervejarias, muitas dotadas de alta tecnologia, reconstroem os sabores que os porões da igreja queimaram. Para sorte nossa e das pequenas a inquisição sofreu uma metamorfose e podemos ter acesso, embora quase que como hereges nesta atual política capitalista, aos mares nunca antes navegados por este Brasil. Hoje, uma cerveja artesanal é o oposto do marketing rotulado pelas primeiras grandes companhias de cervejarias do Brasil, de cervejas leves, geladas e refrescantes. Na verdade, por óbvias razões econômicas, as cervejarias nacionais alteraram a formulação, diminuíram a quantidade/qualidade dos maltes e botaram, literalmente, água no chope. Para mascarar o paladar, nada que uma anestesia nos botões gustatórios induzida pela baixa temperatura não resolva, afinal moramos num país tropical.

E, aqui está uma coisa que parece besta, mas é um barato. O encanto da zitologia medieval pode ser servida via uma cervejaria bacana que oferece cervejas dos mais variados estilos. Quem estiver pelo Cassino, sugiro o Monaghan's, na avenida Rio Grande, 288. Vida longa aos rapazes desta iniciativa! Em Porto Alegre, conheci recentemente o Parangolé, na rua Lima e Silva, 240, na cidade baixa. Além das cervejas, da boa música e da decoração, a capa do cardápio deles era um mini-vinil, um barato. E, na minha e da garoa terra, fiquei com uma baita vontade de visitar a Cervejaria Nacional, que conheci enquanto dedicava minhas pesquisas a este post. Evidentemente, pessoas feias nestas indicações não ocorrem, seja antes ou depois das cervejas. Mas, a bem da verdade é que… 

Eu vim aqui pra confundir e não para explicar!

Um brinde ao Chacrinha! 

Eu pretendo voltar a escrever de/com cerveja com vocês, claro! Até o próximo encontro! 

Prosit

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quinta-feira, 19 de julho de 2012

Sessão pipoca - Quase Deuses

Fazia tempo que não assistia a um filme cujos detalhes foram tão cuidadosos. Quase Deuses (2004) é um longa metragem (110 min) belíssimo não apenas pelos fatos reais em que se baseiam. É rico em passagens históricas e traz temas intoleráveis na década de 30 nos EUA e que, frequente e infelizmente, ainda avistamos. Quase Deuses nos leva a reflexão do quão pouco a humanidade diferiu quanto suas atitudes há quase um século.

A queda da bolsa de NY em 1929 obrigou os “homens do poder” a transferir a conta da dívida a quem menos podia com ela. Nesta conta, muitos trabalhadores foram demitidos, inclusive, para a sorte da ciência, um hábil marceneiro. Porém, o marceneiro Vivien Thomas, que tinha o sonho de ser médico, logo foi admitido por uma clínica médica para ser faxineiro. O garoto esperto enxergou uma daquelas oportunidades que a vida nos oferece.

Vivien é nome de mulher.

Sim, sua mãe estava certa que viria uma menina que até nome já tinha e, quando viu a natureza contraria-la, optou por não mudar.

Aos poucos o cirurgião e chefe de Thomas, Dr. Alfred Blalock, enxergou a inteligência e a destreza manual privilegiada do negro. Vivien era dedicado ao que fazia, assim como na madeira, talhava os estudos concomitantemente ao trabalho e logo conquistou a confiança do doutor. Vivien passou a ser o seu braço direito, cérebro e amigo do doutor branco e ganhou promoção a técnico do laboratório de cirurgia experimental, um afronte ao pensamento racista fortemente enraizado nos EUA. Nem nas universidades não era diferente. Quando Blalock foi transferido para a universidade Johns Hopkins de Baltimore, em 1943, teve de ser registrado na universidade como faxineiro, não se permitia outro cargo aos afrodescendentes.

Aliás, ambos chegam para trabalhar num laboratório onde nada há. Um belo e instigante exemplo de quem é movido por desafios. Começar o trabalho num local onde já há toda uma estrutura é ótimo. Mas quem já teve a oportunidade de construir um ambiente com seriedade, suor e colher com o tempo o crescimento e o reconhecimento é mais gratificante. E assim, Blalock e Thomas deram vida ao laboratório abandonado a poeiras e o colocaram num cenário mundial com o feito de realizarem a primeira cirurgia cardíaca em humanos da história, e mais, em um bebê.

Where you see risks, I see opportunity. (Blalock)

Quando vi os comentários do diretor de cinema Taylor Hackford em Ray (outra película belíssima) soube da dificuldade de produzir filmagens de época. Claro, a cidade muda drasticamente, como reproduzir New York em 1950? Em Ray, Hackford revela que algumas filmagens foram de acervos reais, até de outros filmes. Em Quase Deuses também assistimos cenas reais da época, que se destacavam por serem em preto em branco. Cenas como militares a embarcar para a segunda guerra, a guerra do Vietnã, John Kennedy, Malcom X, Martin Luther King. Parte destas cenas de acervo ilustra a separação dos “colored” nos EUA. Havia estabelecimentos comerciais, banheiros, assentos no final do ônibus, etc, exclusivamente para negros. E nesta passagem há uma sacada interessante. Enquanto os negros dançavam num bar, a câmera dá um close nas mãos de um negro que toca piano. O filme volta a ter cores, e assim, nos induz a acreditar que surgiria uma cena de Vivien. Mas não, é uma festa da elite branca. Seria a música a primeira barreira rompida dos colored? Difícil predizer, mas certamente contribuiu. O próprio Ray Charles foi banido do seu estado natal, Geórgia, por se recusar a tocar apenas para brancos.

O filme também tem algumas risadas, uma delas, quando Blalock consegue na universidade que Vivien fosse registrado como técnico cirúrgico. Ele visita a casa de Thomas e diz, Consegui a tua promoção.

- Foi promovido para o que já é!

Disse a Sra Clara Thomas, uma companheira incrível do cientista não diplomado. Aliás, esse papo de diploma é tão estranho ainda hoje. Uma vez ouvi no cursinho pré-vestibular, Quem faz a universidade é o aluno, não a instituição. Pura verdade e Vivien é a prova de que habilidade e conhecimento não são exclusividade da faculdade. Até para sonhar a ciência é necessário o feeling. E o técnico foi capaz, desvendou um enigma num simples sonho. E, não há novidade que a ciência também avança com sonhos, August Kekulé (1829-1896) que o diga. Foi o químico alemão que propôs a representação gráfica do benzeno, e em 1865 confessou que suas teorias estruturais foram-lhe reveladas em um sonho. Isso, repito, em 1865.

“Eu estava sentado à mesa a escrever o meu compêndio, mas o trabalho não rendia; os meus pensamentos estavam noutro sítio. Virei a cadeira para a lareira e comecei a dormitar. Outra vez começaram os átomos às cambalhotas em frente dos meus olhos. Desta vez os grupos mais pequenos mantinham-se modestamente à distância. A minha visão mental, aguçada por repetidas visões desta espécie, podia distinguir agora estruturas maiores com variadas conformações; longas filas, por vezes alinhadas e muito juntas; todas torcendo-se e voltando-se em movimentos serpenteantes. Mas olha! O que é aquilo? Uma das serpentes tinha filado a própria cauda e a forma que fazia rodopiava trocistamente diante dos meus olhos. Como se se tivesse produzido um relâmpago, acordei, e desta vez passei o resto da noite a verificar as consequências da hipótese. Aprendamos a sonhar, senhores, pois então talvez nos apercebamos da verdade... mas também vamos ter cuidado para não publicar nossos sonhos até que eles tenham sido examinados pela mente desperta" (Friedrich August Kekulé, 1865.)

Claro que desde sempre, está cravado na humanidade a religião. E como trata-se de um filme de ciência ela não podia passar batida. Claro também que no filme ela representa, junto com a maioria dos pesquisadores da época, um entrave ao avanço da ciência. Colegas de Blalock e o padre católico insistiram veementemente no aborto de suas pesquisas para operar o bebê com a síndrome do bebê azul, nome dado aqueles que possuiam a Tetralogia de Fallot (má-formação congênita do coração composta de quatro elementos: defeito do septo ventricular, obstrução da via de saída do ventrículo direito, hipertrofia ventricular direita e posicionamento da aorta acima do defeito no septo ventricular) que resultava na circulação de um sangue pobre em oxigênio, um sangue azul. Mas, como o cirurgião era movido por desafios e também por uma ambição oculta, revelada no longa, ele foi adiante. E para nossa surpresa (será?), foram estes também que o idolatraram pós o sucesso cirúrgico.

E é assim, o filme Quase Deuses recheado de detalhes. Se não viu ainda, fica a dica, talvez como obrigatório para quem estuda ciências biológicas. Um abraço e até o próximo momento!

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quarta-feira, 4 de julho de 2012

O romantismo dos filmes antigos.

Texto por José Monserrat.

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Gosto de olhar filmes antigos.

Nada mais valente do que o olhar de Humphrey Bogart ou Gary Cooper em variados tons de cinza.
E nada mais belho do que os olhos de Ingrid Bergmann em Casablanca, apos do ultimo adeus a Rick.
Os filmes antigos eram feitos por pessoas que sabiam de cinema.
O tempo foi passando, todo mudou. Agora temos efeitos especiais digitais, explosões portentosas e atores virtuais.
É de praxe os diretores terem experiência em rodar videoclipes sem se dar ao trabalho de pensar que videoclipe e filme são universos completamente diferentes.
Eu gosto dos filmes antigos... em preto e branco.
E tenho nojo dos novos filmes de Hollywood tão coloridos, cheios de azul e amarelo.
Tomara que o espírito dos filmes antigos acabe ganhando.
Numa rua deserta, cheia de areia no faroeste, onde o mocinho enfrenta ao vilão no grande duelo final.
E, inevitavelmente, como a lei da gravidade, acaba sempre se impondo.
Longa vida ao mocinhos de preto e branco!

sexta-feira, 29 de junho de 2012

O azar de levar só um charuto.

Antes, gostaria de pedir desculpas por este post ser extenso. Porém, a riqueza dos detalhes é necessária para transmitir a intensidade de minha viagem. Boa leitura!

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Depois que decidi por os pé na estrada, e no avião, precisei justamente comprar as passagens aéreas.

Isso era uma terça-feira, e a viagem seria no dia seguinte. Pesquisei na internet os preços e, resultado, uma fortuna. A mais barata, ou melhor, menos cara, era mais que o triplo para um trecho que custava 200 reais. E aqui foi outra tortura, vô, num vô, vô, num vô?

Mas, estava disposto a tirar C na disciplina e arcar com esta bronca. Como diz o grito da arquibancada, pelo Corinthians, com muito amor, até o fim! Para este caso, acrescentaria, até ficar "Pelado pelado, nu com a mão no bolso!"

Well, cliquei em comprar e apareceu uma mensagem do tipo: O vôo que está tentando comprar não tem antecedência de 24 horas, por favor ligue para a nossa central. E, mais uma esfolada no bolso, não havia 0800, o número era de São Paulo. Evidentemente, não levei menos que 10 minutos para efetuar a compra dos bilhetes.

Qual a forma de pagamento, Senhor?
Cartão de crédito - e emendei: Quantas vezes dá para fazer sem juros? (Ah, orgulho de ser brasileiro.)

Ufa, tudo certo! Ingresso garantido, passagem comprada, namorada avisada, comecei então a contar as horas. Noutro dia, viagem tranquila, quase, não fosse o atraso aéreo. Cheguei em São Paulo no final da tarde, e em Guarulhos ainda. Isso, para quem não sabe, representa que eu iria pegar o velho, que não tem nada de bom, rush.

Inicialmente, era previsto chegar à casa de mamãe (desocupada por residir na Angola), ir para a sede da torcida e pegar o bumba da caravana até o local sagrado. Que nada, dirigi-me diretamente para o Paulo Machado de Carvalho, o estádio do Pacaembu. Peguei um busão do aeroporto até o metrô, que, claro, demorou mais que a viagem de Porto Alegre/São Paulo. Como é confortante a sensação de largar o ônibus e entrar num trem que vai andar constantemente. Mas, pelo que leio nos jornais, até o melhor meio de transporte da capital não anda lá essas coisas.

Cheguei no estádio, reencontrei um monte de gente, apreciei um saboroso lanche de pernil na porta do estádio, tomei guaraná escondido (há uma lei que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas num raio de 200m do estádio.) e apreciei aquele ambiente que amo antes de adentrar na cancha.

Nesta mesma competição, assisti ao Corinthians no Uruguay e lá havia uma pessoa que fumava um charuto que me impressionava. Como eu, que adoro charutos, não havia pensado naquilo antes? Mas, para o Pacaembu eu pensei. Levei um que tinha ganho de um baita amigo, corinthiano por sinal, que trouxera de sua viagem pela ilha dos Castros.

Começa a partida, acendo o meu charuto. Meus vizinhos não aprovaram, mas eu saboreava aquela sensação de estar ali. Corinthians fez dois gols no primeio tempo, estava tudo certo. Estava. Na etapa final, gol do Flamengo. O que significava eliminação, pois no placar agregado o confronto estava 2x2, e o time carioca desempatava pelo critério de gol fora.

Acende outro charuto, aí, meu!

Disse o japonês, um dos incomodados com a fumaceira no primeiro tempo. Mas, havia apenas um charuto, que durou os 45 minutos iniciais, não tinha outro. E, foi assim que minha bandeira virou meu lenço de consolo. Chorei, eu chorei de dor, e muito. Mentalmente, passava o filme de toda loucura para estar ali. Mas, como um bom corinthiano, o sofrimento ainda não acabara naquele instante.

Peguei o ônibus da torcida, o silêncio do Pacaembu à Diadema só foi interrompido pelos choros. Se algum estrangeiro visse o ônibus, acharia que estávamos indo ao velório. Foi triste! Queria chegar logo em casa, tomar uma ducha e descansar para no dia seguinte retornar pros pampas. Mas, a minha mamãe não me alertara que mudara os segredos das fechaduras da sua casa em São Paulo, e como não havia ninguém, precisei sair em busca de algum(a) amigo(a) quase duas horas da manhã. Claro que pensei primeiramente nos boêmios, e deu certo. Uma amiga minha estava numa festa e pode abrir as portas de seu lar para receber meu lenço, meu choro e minha catinga.

Ô Cabral, desce mais uma aí antes de minha amiga chegar.

Foi assim a minha única ida à São Paulo, até o momento, para exclusivamente ver o meu time jogar. Não fiquei nem 24 horas na capital. Paguei alto na conta telefônica do mês seguinte e, até o natal daquele ano, as passagens aéreas fizeram parte do meu orçamento. Como não deu Corinthians, não podia ficar com um C na disciplina, fui de B. Ouvi dizer até, que este professor, corintiano, revelara no dia seguinte do jogo, O meu consolo foi o do Renatão estar lá.

Se acaso for de na semana que vem ir ao Pacaembu, das duas uma, levarei dois charutos, ou controlarei para que dure os 90 minutos. Prefiro levar 3!

Obrigado pela paciência, até a próxima!

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quarta-feira, 27 de junho de 2012

O universo bom.


Não sei, mas é tão bom quando damos valor às coisas que nos passam despercebidas. Para alguns algumas e para outros diversas, mas há ocasiões nesta vida que são sinceras gentilezas dela, mas devido ao relógio antropocêntrico sequer notamos, quanto menos apreciamos. Um sorriso, uma abelha, uma flor, um pôr do sol... ah, são muitas circunstâncias as quais parecem que a felicidade maior não está nem em assistir tais cenas, mas sim quando nos deparamos que as reparamos.

E foi muito por isso que fiquei feliz ontem ao notar o quanto sou privilegiado pelas amizades que possuo. Amizades do bem capazes de te incentivar a por a cara no mundo, a fazer as coisas acontecerem honestamente e do coração. Veja a simplicidade da coisa: Chico foi incentivado, no meio do trabalho, e foi, após, elogiado por outros por tomar esta atitude: cuidar de si. O que temos de mais nesta oração?

E aqui mora a diferença que a apresento no relógio cartesiano, Penso, logo existo! Se o Chico foi incentivado, logo ele possui algo/alguém que o incentive, pessoal ou institucional. Portanto, Chico, que é mineiro, já possui um motivo para se orgulhar, pois é maravilhoso ter algo/alguém em certos momentos que o liberte de vez do medo. Além, Chico possui um trabalho, e melhor, um trabalho que o encoraja, logo, Renê, o Chico, que ama pamonha, já tem motivos a sobrar para se enaltecer. O trabalho enobrece o homem, e mais nobre o é, quando há amor. Por continuar a desmontar o relógio, Chico é elogiado, logo o mineiro agora possui amigos, pois somente os verdadeiros são capazes de vibrar com as conquistas alheias. E, para finalmente não sabermos a hora, a conquista em questão foi uma puta conquista, cuidar do corpo e da mente!

Sinceramente, a simplicidade dos gestos observados é tão rica em espírito que não tem sentido nós não sermos capazes de notá-los. E, isso, Descartes, só é possível num universo do bem. Um universo que sorri num pôr do sol, que recolhe as abelhas cheias de pólen. É o todo holisticamente, entende?

Por isso que devemos cultivar nossas amizades, cuidar de nosso jardim, para que voltem as abelhas numa próxima manhã. Se não, não valerá a pena. Resta, a Chico, brindar com seus amigos.

Saúde!

O que achou?

P.S.: Agradeço enormemente o carinho de todos com este blog, fiquei muito surpreso e extremamente feliz ontem. Por isso, adiei a continuação do primeiro post. Eu não esqueci! Continuarei com a minha ida a São Paulo. Até lá!

terça-feira, 26 de junho de 2012

O início


Olá, espaço virtual!

Sempre tive vontade de ter um blog, mas também nunca tive coragem para assumir essa bronca. Hoje, ao dar uma lida num blog de uma amiga, fui redirecionado -não sei se por acaso do destino ou descuido do meu dedo, caí numa página para criar um, e cliquei no puro grau da curiosidade.

E assim, pintei o sete -sem o traço, ainda! Nome disso, descrição daquilo e, ainda incompleto -é claro, pois todo blog bom deve ser incompleto! E assim nasceu uma página onde o conteúdo é administrado por mim.

Então, o que devo gerenciar por aqui?

O ecletismo! Sério, vou brincar de rádio FURG (ouça a rádio aqui) e dar o play num rock'n roll depois do samba, xaxado e baião. Do jazz, blues à clássica, voz do Brasil!

Escolhido o tema, qual a primeira narrativa?

Difícil responder esta pergunta sem se dirigir para algo que me conforta neste instante. - Também acho que esse é o espírito do blog, um escritor anônimo (ou não) pressionar para se confortar.

E, nesta semana muito especial para mais de 30 milhões de loucos, difícil fugir de algo que carrego desde minha infância.

Tenho tantas coisas para falar do Corinthians que, buenas, eu ia dizer que cabe num blog, mas eu já o tenho.

So, stop mimimi e narre logo algo antes que o leitor aperte "Ctrl/Cmd+W".

Possivelmente, estou prestes a viajar para, novamente, unica e exclusivamente ver o Corinthians. Já fiz isso algumas vezes, mas para ver o meu time fora da cidade paulistana. Mas, vez única eu fui para a pauliceia desvairada esburacada, como diz o Malia (aliás, vou indicar o blog dele aqui no lado direito da tela, aguarde!). 

E, é sobre a minha ida à terra da garoa que vou escrever.

Porquê ela tem os ingredientes da dramaturgia grega, a comédia e a tragédia.

Este fato ocorreu numa libertadores, Corinthians e Flamengo, jogo de volta das oitavas-de-final. Jogo do melhor classificado na fase de grupos contra o pior segundo colocado (aliás, acabo de surgir tema para outro post, um triste episódio onde a ganância de poucos fazem o que bem quer com o amor de muitos, caso do clube carioca, também, e por que não, de quase todos os clubes profissionais? Mas, noutro momento mais oportuno, pressionarei.).

Estudante, estava no meio de minhas atividades acadêmicas quando entrei na sala de um professor.

Tóc-tóc-tóc, Com licença, professor, interrompo?

Professor, eu tenho um seminário para apresentar amanhã e...
Sim!
E, professor, eu não poderia adiar?
Pra quê? Não lestes o artigo?
Não, não é isso, é que não poderei mesmo.
O que houve?

Mas acontece que eu não queria dizer que cabularia a aula para ver um jogo de futebol.

Eu preciso ir a São Paulo!

Achei que isto bastaria para ele não se “intrometer” na minha vida pessoal. Mas, pobre de mim, eu era amigo do professor, e ele ainda serviu para um ombro fraterno.

O que houve?

Aí não deu mais para segurar, além do mais, o professor era corinthiano mesmo, iria entender.

Olha, professor, meu tio me ligou, está com o ingresso na mão, aliás dois ingressos, pagou uma nota preta por eles e quer que eu esteja ao lado dele e do Corinthians Paulista.
Mas, veja bem, o seminário faz parte da avaliação.
Sim, por isso que eu peço que adie.
Não, infelizmente, não permitirei. Você vai, mas vai receber uma punição para isso, não ficará com A, nem B, pois o senhor faltou a outra aula, é C!

Puts, C de Corinthians, pensei e fui me retirei lentamente da sala, com um ar de incerteza, vô, num vô?
Pense bem antes de fazer as coisas, pense bem! Foi o que me aconselhou ainda o professor antes de ausentar-me completamente daquele recinto. Passei a tarde inteira pensando, pesquisando preços de passagens, e precisava coletar opiniões, um cê de Corinthians vale o Corinthians? Deixei a minha decisão final para um grande amigo meu, aliás, irmão por opção.

Tóc-tóc-tóc, Diogo, que bom que você está aqui, preciso falar contigo.
É sobre o Corinthians?

Quando ele me perguntou isso, eu soube que fui buscar o veredito final com a pessoa completamente perfeita para a ocasião, pois apenas com o meu semblante e meu tom de voz, ele sacou que o assunto só poderia ser o Corinthians.

Isso cara, como sabe?
Pelo modo que entrou aqui, você só fica assim com o Corinthians.

Expliquei a situação e disse que caso o professor praticasse o que anunciara, precisaria de outros A's para compensar. Mas, minha preocupação nem era essa, pois “A” eu tinha de sobra, o que me preocupara era o tal do currículo. Diogo era um cara esforçado em concursos e ninguém melhor que ele para dizer se um dia poderia me arrepender amargamente da minha ideia. E a resposta veio do modo mais alegre possível:

Para quê ter só A? Ninguém olha isso, faça o que queres e não se arrependerá.

Bah, saí da sala do mano sem sombra de dúvidas e com um sorriso de orelha a orelha. Eu vou para São Paulo!

Mas, continuo esta história em outro post. Até lá!

O que achou?