Mas, amig@s, não é de hoje que o futebol brasileiro aponta defasagem em relação ao praticado em outras partes do globo. Em 2010, o SC Internacional foi eliminado de um mundial pelo Todo Poderoso Mazembe. Ano seguinte, um clube brasileiro, o SC Corinthians Paulista, foi, pela primeira vez -e até então única na história, eliminado na pré-libertadores, pelo Tolima, da Colômbia. O Santos FC levou duas goleadas do FC Barcelona, uma delas no mundial. No ano passado, o galo mineiro foi eliminado por uma equipa marroquina, na mesma competição organizada pela entidade maior. Agora, em 2014, dos quatros finalistas da copa libertadores, nenhum clube é brasileiro, o que não acontecia desde 1991. Repito, 1991.
Acontece que nestas horas é mais interessante gozarmos os rivais perdedores que sarar a ferida exposta. Os torcedores agem como marionetes, pois ao invés de cobrarem atitudes dos cartolas, vão ao CT e destroem patrimônios que o clube construiu ao longo de décadas. Pedem cabeças de jogadores. Vide o Fred neste mundial. Até hoje defendo o gajo. Por acaso foi o Fred quem convocou os 23 jogadores? Foi Fred quem escalou-se titular? E, do que vale ter Romário ou Ronaldo no time, se não há um Mazinho ou Rivaldo para os assistirem?
Isto tudo é tão orquestrado, que por vezes parece-me que já estava no script feito pelos cartolas para desviarem de seus focos as suas verdadeiras responsabilidades. Cria-se na verdade um escudo, quando cada um olha pro próprio rabo, leia-se clube. Mas, na seleção brasileira, numa copa do mundo, o cenário muda, pois estão finalmente todos num só ritmo. E aí, uma vitória serve para mascarar o que está errado e uma derrota serve para jogar tudo fora. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.
Quem acompanhou-me neste mundial pode confirmar, mas eu não dei muita bola para a canarinha. No jogo contra a Colômbia, em alguns momentos, torci até contra a seleção cebeefiana. Nos jogos do Brasil, sempre que tive a oportunidade de conversar com alguém não hesitei. Isto é estranho para um brasileiro?
Até seria se não fossem as minhas leituras acerca de:
1) como foi realizada esta copa no meu país;
2) como a cbf é um clube de amigos (com a conivência, inclusive, do meu clube de coração);
3) como o selecionador e sua comissão técnica é ultrapassada e midiática e;
4) como a FIFA mandou no meu país, onde passou por cima até a presidenta da república ao demolir a marquise do ex-Maracanã, patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2000.
Eu até teria outros motivos para listar, mas giram em torno destes 4, como por exemplo, a troca de treinador. Não aceito até hoje o Mano Menezes não ter tido a oportunidade de terminar o trabalho que lhe fora confiado. A base do time do sabichão Big Phill foi tirada de um trabalho de renovação que o Mano teve a coragem de fazer, após a era Dunga. Para piorar, uma troca que não foi por motivos técnicos, mas sim, novamente, para servir de escudo, já que Mano não gozava de popularidade e a máfia da CBF começava a ser denunciada massivamente pelos meios de comunicação, inclusive populares. Atentemos ao recente currículo do novo selecionador: 1) perdeu uma eurocopa por Portugal, disputada em casa, para a Grécia; 2) demitido do Chelsea antes do término da temporada, quando ainda havia mais dois anos de contrato; 3) demitido de um clube usbeque; 4) rebaixou, pela segunda vez na história, a SE Palmeiras. Depois de tudo isso, é difícil aceitar que os critérios para a troca foram técnicos/tácticos.
Paul Breitner, campeão mundial em 1974 pela Alemanha ocidental, participou de uma sabatina no programa Bola da Vez, exibido pelo canal ESPN Brasil, em abril de 2013 e disse que o Brasil "precisa aceitar que joga um futebol do passado". Não soa-te estranho que Ronaldo fenômeno, Deco, Juninho Pernambucano e Seedorf tenham passagens recentes, curtas e brilhantes pelo Brasil onde na Europa já não havia mais espaço para eles? O reizinho da Colina sequer conseguiu destacar-se na MLS (Major League Soccer) em seu final de carreira e regressou ao CR Vasco da Gama após recindir seu contrato nos EUA.
Mas, o que cuidam do futebol acham que sabem tudo deste desporto, quando não são capazes de fazer sequer uma embaixadinha, como disse Romário. Nesta mesma sabatina, Breitner dizia que a Alemanha, até 2002, pensava apenas de dois em dois anos, quando disputavam o mundial ou a eurocopa. E, quando venciam um torneio, acreditavam que os alemães sabiam tudo de futebol, e que eram os outros quem deveriam aprender com eles sobre futebol e cravou: "o Brasil acha isso hoje!". E não é que o Scolari confirmou ontem, após a derrota para a Holanda, exatamente o que Breitner disse em 2013. "Eu? Não preciso [de reciclagem]. Quando ganhei a Copa das Confederações não veio ninguém aqui para se reciclar", arrotou o comandante gaúcho.
Paul Breitner aposentou-se um ano antes de eu nascer. Um ano antes de eu nascer também jogou aquele que é considerado pelo mundo inteiro o melhor Brasil que já entrou em campo, a seleção de 1982. Sócrates, Falcão, Júnior, Zico e cia não foram campeões mundiais, mas foram responsáveis pelo temor que as demais seleções tem ao jogar contra o Brasil. Temor este que esta seleção de Teixeira, Marin, DelNero, Felipão e Parreira acabara de jogar no lixo.
"jogar futebol é um prazer, mas estou cansado das coisas que acontecem fora de campo" (Paul Breitner quando anunciou a aposentadoria).O que achou?
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