sábado, 26 de setembro de 2015

Sobre copos, migração, mochilão e amor

Minha casa é meu caneco, minha cidade é meu boteco. Desce a saideira de afeto. Embrulha pra viagem, poe na bagagem. Volto logo e noutro copo de vocês me afogo - Tássia Reis
Nunca fui fã das pessoas que possuem preconceito da pegação. Sim, há uma visão negativa generalizada tanto daquela mina que é capaz de dar de primeira quanto daquele cara que está na balada à caça. Claro que com mulher ainda é pior, afinal, de acordo com Fábio Porchat, somos todos machistas (para entender, clique aqui).

Diversas razões repelem-me destes seres. A primeira delas é a hipocrisia e nem pretendo entrar em mérito aqui. Mas, com certeza tu conheces alguém que fala mal pelos cotovelos da X e do Y, mas numa rápida oportunidade, já lá está a fazer aquilo que julga errado apenas nos outros. Porém, acho que a hipocrisia é resultado de outra questão que é: por quê a pessoa "galinha" é mal vista?

Se uma pessoa viaja muito ela é viajada. Se possui gosto musical diversificado é eclética. Se é conhecedora de cervejas é cervejeira. Se adora diversificar na culinária é gastronômica. Porém, se por acaso tu adoras experimentar relações com outros seres humanos, és qualquer adjetivo pejorativo! Por quê cargas d’água a sociedade não aceita a tua decisão de conhecer diferentes formas de relacionamentos ao estar com diferentes pessoas? Por quê, cara pálida?

Penso que experiências passadas são essenciais para relações intra-humanas (não utilizei a palavra casal em respeito ao poli-amor) bem sucedidas. Tal qual o paladar, se não conheces o gosto do azedo, não saberás diferenciar do amargo, do doce, do salgado ou do umami. Para ser um(a) bom(a) enólogo(a) é necessário experimentar as castas individualmente, diferir safras e regiões, avaliar as misturas para atingir as melhores seleções. Apenas com este paladar diversificado um(a) profissional competente irá saber qual a melhor harmonia para cada ocasião.

Casal de Albatroz-de-Sobrancelha-Negra (Reprodução)
Neste jogo de descobrimentos, quanto menos relações tu experimentares, maiores são as chances de não saberes o que procura. Qualquer animal migratório possui um destino, a reprodução. Se ele não migra para o ato, migra para obter energia para tal. Dentre os fatores que influenciam sua rota, a disponibilidade de alimento se não for o principal, é um deles. Se a praça de alimentação está boa, lá estará até que já não valha mais a pena, do ponto de vista energético, estar ali. Esta é a estratégia que estes animais optaram para lidar com a escassez sazonal de alimentos.

Penso em uma analogia com nós, humanos. Necessitamos viver um periodo migratório. Se eu não souber de que daqui a dez milhas de mim há um cenário melhor, certamente eu estarei a perder oportunidades. Ou se, ao contrário, não souber que em um passado recente o cenário foi pior, posso não valorar o presente. Portanto, relações passadas servem-nos para dar valores às atuais, prós e contras. Assim, uma situação de desequilíbrio a tender constantemente para o contra, amigão ou amigona, vaza! Busque as melhoras! — Diria até que o equilíbrio desta balança também pode ser um convite gentil para bater asas. Mas, novamente, só conhece sabores quem provou.

Evidentemente, a próxima parada da migração é uma incógnita a estes animais. Mas, caminhar, nadar, voar são necessários para mante-los vivos. Em nós humanos, esta adrenalina do desconhecimento do próximo destino alimenta uma alma viajante. Permite permitir-nos! Ninguém nasce um bom mochileiro. Nem um bom mochileiro é aquele que muito viaja. Um bom mochileiro permite as descobertas e consequentemente está em constante auto-conhecimento. A partir de então colhe os frutos da boa estima, da segurança e de seus limites. Em miúdos, garante-se para quando no momento certo, no local certo e com a pessoa certa for o caso de entregar-se a uma paixão! E quando corações bem resolvidos encontram-se, estes são complementados e não preenchidos.

Por isso também que não boto fé naquelas pessoas que pulam de relacionamento para outro. Não permitem o calar natural do luto. O luto, tal como o medo, põe-nos à prova, leva-nos às avaliações e permite-nos à reciclagem. Adotam a máxima de curar um amor com outro, mas estão suscetíveis podem cometer um erro grave: esquecer que o melhor remédio é o amor próprio, que engrandece-se após os lutos. Na prática, buscam em corações alheios o preenchimento para o vazio de seus próprios corações.



Por isso, defendo a vida de solteiro. Sei que devemos ter muito cuidado com as generalizações, mas um(a) solteiro(a) bem resolvido(a) saberá a hora certa dos momentos. É mais ou menos como outra máxima de bar, enquanto não acho a pessoa certa, divirto com as erradas! E uma pessoa certa não significa aquela até que a morte os separe. Significa aquela que tu irás até o fim com ela. E este fim pode ser amanhã, daqui seis meses, ou no fim de tua vida. Não tenhas receios em entregar-te por esta pessoa. Não sejas egoísta ao adotar a cautela como uma estratégia de defesa para "doer menos à frente". Vive o presente! Ama! Caso contrário, virará passado e sem o teu deleite. Gozes no início, no fim e no meio!


O que achou?

domingo, 23 de agosto de 2015

Desabafo do Cassino

Estimados governantes do município de Rio Grande.



Estou ciente do ódio que é distribuído livremente neste momento virtual. Portanto, é muito difícil que esta carta seja lida sem sequer uma resguarda sobre o conteúdo que pode vir a aparecer neste espaço.

Gostaria de começar por reconhecer os zelos que são feitos até o presente com a comunidade riograndina. Através das secretarias, valoro todos esforços feitos na educação, na mobilidade urbana, no meio ambiente, na cultura, entre outros. Evidentemente, muito deve ser melhorado, afinal somos uma população carente que sequer possui acesso ao saneamento básico amplo. E também não gostaria de menosprezar quaisquer outras ações reivindicadas pela população. Mas, gostaria de tratar sobre a segurança pública, em especial no Cassino.

Em pouco mais de um mês, eu estou envolvido em 3 casos de violência. O mais grave deles foi na madrugada de sábado, 22 de agosto. Bastou uma arma, branca ou de fogo, para uma tragédia maior. Eram pouco depois das 05 horas, voltava de uma festa acompanhado de duas amigas e íamos em direção as nossas casas. Estavámos no passeio da antiga estação de ônibus, em frente ao supermercado. Portanto, estávamos no principal cruzamento do balneário e não na esquina da minha casa. Em nossa direção, corria a gritar outro amigo. Atrás deles, um bando, alguns com bicicletas inclusive. E foi quando aconteceu uma pancadaria generalizada e gratuita. Um carro que passava pela avenida Atlântica percebeu a violência e atirou seu carro em cima do bando para dispersarem, mas não resultou. A este nível, se houvesse uma pistola, tiros seriam disparados. Levei dois capotes, estou com o cotovelo ralado, a panturrilha e o punho dolorido. Meu amigo também está com dores musculares. Esta, como disse, é a terceira vez que encontro-me na típica situação, entre a cruz e a espada. Foi também a maior.

E eu conheço casos semelhantes. As características dos acontecimentos são semelhantes, sempre em bandos. Há pouco mais de duas semanas, uma mulher foi cercada nas proximidades do posto da praia e seus pertences foram roubados. Esta mesma guria, há semanas antes deste episódio teve sua casa invadida enquanto familiares encontravam-se dentro da casa. Novamente, mais um caso que há uma linha tênue para uma tragédia pior. Penso, PMRG, que já deve ser de conhecimento de sua estrutura funcional que o cruzamento da avenida Rio Grande com a Rua Cachoeira é um ponto estratégico no combate a violência no Cassino. Tiro esta conclusão pelo fato da instalação recente de uma câmera de vigilância neste mesmo local.

Porém, estimados, esta ferramenta isolada não trouxe resultados. É ali que esses bandos agem, ou ao menos se concentram. É triste, porque este é um ponto em nosso balneário super interessante, diversificado e muito frequentado por várias tribos, devido à proximidade com acesso 24 horas a alimentos e bebidas.

Por que não cuidar deste ponto, governantes? Poxa, se há um ponto estratégico para a implantação de uma base comunitária da guarda civil metropolitana no Cassino, eis um dos melhores!

O Cassino é muito bacana para ser maquiado apenas no verão. Um reflexo desta prática é exatamente o policiamento intensivo apenas no verão. Não quero menosprezar outros bairros. Eu também quero segurança na Querência, no Parque Marinha, na Quitéria, em Torotama. Mas, eu peço pelo Cassino, porque eu vivo aqui e quero andar a pé em paz.

Também não pretendo diminuir outras causas, temos muitas coisas a nos preocupar, como a lama na praia, a conclusão do skate-park, a construção da ciclovia bolaxa-cassino, enfim, mas todas elas também clamam mais segurança, por favor!


Vivemos uma era de novidades para Rio Grande, talvez um grande momento foi a própria eleição de Alexandre Lindenmeyer, que este blog já felicitou (veja aqui). Acredito que nunca a cidade esteve no estado de violência atual. Vide os casos de grande repercussão dos dois empresários violentados nesta mesma semana. Rio Grande precisa agir com medidas que ofereçam segurança ampla à toda comunidade! E instalação de bases comunitárias em pontos estratégicos e aquisição de uma base móvel da GCM pode ser algumas dessas medidas.

Não quero aqui entrar no mérito do como uma pessoa torna-se criminosa. Há muitos fatores envolvidos e podemos até reconhecer que esta também é vítima de um sistema que o isola e não oferece-lhe oportunidades para ele ser uma pessoa melhor. Acho que a raiz deste mal se cura com amor. E um povo com acesso à saúde, à educação e à cultura é um gesto de amor entre governo e cidadão.

Bem, perdão pela extensão, mas o tema é delicado e urge. Por isso, este desabafo.

Um grande abraço e contem comigo para emanar o amor!

O que achou?

quarta-feira, 20 de maio de 2015

Era uma vez... um santo.

Todos temos histórias clássicas que nunca cansamos de contar/ouvir. Sempre divertimo-nos enquanto narramos ou ouvimos esses causos. A exceção pode ser do personagem central que por vezes pode não gostar do fato ter caído à boca do povo. O curioso são as proporções que elas podem alcançar. Vira e mexe meus amigos divertem-se com uma na qual sou personagem. Solicitei ao propagador desta lenda (sentido figurado), um querido amigo palestrino, que transformasse sua voz em texto e reproduzo aqui. Divertes-te!

Definição de lenda pelo dicionário online priberam
--

A culpa é de São Jorge
por Gustavo De Vita

Lá pelas tantas voltava eu de um legítimo churrasco gaúcho, deliciosamente empanturrado, feliz e em território completamente neutro. Uma suposta alegria me contagiava. A sensação não era puramente alegria. O futebol, com seus altos e baixos, finalmente me presenteava. Nossa, como somos perturbados, apesar de tão distante, nos sentimos realmente parte do nosso clube do coração! Logo entendi, a sensação, na verdade, era um alívio como o de dever cumprido...

No mágico Cassino, balneário com a maior e mais austral praia do Brasil, estudantes de todos os cantos e desencantos do Brasil, formavam uma grande família. Palmeirenses e Corinthianos, Gremistas e Colorados, Remistas e Paysanduístas. É possível que o fato de estarmos a milhares de quilômetros das sedes e próximos de uma das maiores rivalidades esportivas do mundo, nos tornava ainda mais motivados a defender com vigor as cores das nossas agremiações.

A rivalidade extra Paulicéia intensificava, mas cultivávamos um certo carinho e respeito pelos oponentes, entre os meus principais, Baila e RenatÃo. E aqui a estória merece um parênteses. A escrita do seu nome não foi um erro de digitação, é proposital. Iniciando sua carreira acadêmica, num congresso internacional, seu nome no crachá foi digitado no aumentativo e com o "a" maiúsculo, erro que não poderia combinar tão bem com a sua personalidade irreverente. Ele não deu a menor bola, apresentou seu trabalho com maestria para uma plateia sedenta por tropeços. Passamos o resto da semana comemorando nos bares da cidade de Bento Gonçalves, entornando vinhos, cachaças e cervejas, em debates intermináveis e sem tirar o crachá. RenatÃo era um sujeito bonachão, paulistano da gema, enraizado no Jabaquara, corinthiano fanático, com um coração do tamanho do seu cabelo black power e um carisma que conquistava todas as torcidas.

...Enquanto eu chutava as pedras da avenida principal do Cassino e seguia para finalizar um domingo tranquilo e feliz, refletia sobre aquele empate do Grêmio que tão satisfeito tinha me deixado. Ao mesmo tempo, palmeirense doente, pensava nos meus rivais: "já passei por isso, vai devagar, respeita porque a dor é grande, futebol é traiçoeiro, etc, etc, etc!". Prometi a mim mesmo não importunar nenhum oponente...

A avenida estava vazia, a missa tinha acabado fazia um tempo, o carvão já havia se apagado e todos já estavam se preparando pros gols da rodada. Foi quando avistei a cerca de 500 metros de mim, do outro lado da avenida, um sujeito com passos duros, cabeça baixa e segurando alguma coisa grande e pesada. Ao me aproximar um pouco mais o reconheci; era o RenatÃo com seu amuleto, a estátua de São Jorge, que possivelmente o acompanhava durante muitos anos. Ele olhou pra mim e pude ler seu pensamento: "puta que o pariu, tem que encontrar justo esse filho da puta agora". Senti estampar no meu rosto um sorrisinho cínico a lá Monalisa e quebrei a promessa com a mesma velocidade que volto a tomar cerveja na quaresma: - Ow RenatÃo, vai pra onde com esse santo? Com uma voz grave, seca, meio infantil e embargada, sem conseguir segurar, ele desabafa: - Ah, vou jogar esse traidor no mar! Nunca mais!. E segue cabisbaixo, vociferando com o seu santo em direção à praia escura e protegida por uma imagem de Iemanjá, como se, com o santo, lançasse ao mar todas as suas recentes amarguras.

Relatei por muitos e muitos churrascos essa cena tragicômica que se tornou histórica nas mesas redondas futebolísticas do Cassinão.

O dia era 1º de dezembro, o ano 2007, a queda do Corinthians para a segunda divisão do campeonato brasileiro.

--

E então? Gostastes? Essa estória é 100% verídica, embora mereça algumas observações.

Santo quebrado dá azar!

Próxima à casa da minha mãe, em SP, havia uma casa de umbanda. Eu adorava entrar lá e olhar os santos e sempre fascinava-me o São Jorge. Era uma imagem linda e também cara. Mas, em uma de minhas visitas à coroa resolvi arcar com esta despesa. Para transportar o santo padroeiro do Corinthians para o Rio Grande do Sul, coloquei atrás do banco do motorista no carro que herdei do meu pai. Em alguma freada brusca ouvi um estalo que na hora percebi o ocorrido. Quando desembarquei no Rio Grande, confirmou-se o fato. A cabeça havia partido.

Eu achei aquilo nada justo. Poxa! Antes de ir a São Paulo eu já possuía até um santuário e não acreditava que a imagem sequer iria descansar em seu destino. Imediatamente tratei de ignorar a sabedoria popular e pensei, essa estória de santo quebrado é uma lenda. Liguei para minha mãe e ela confirmou, dá azar sim! Mas, mesmo assim, resolvi colar a cabeça do santo e de tão perfeita a reconstituição ninguém repararia, ainda mais num santuário disposto acima da porta do meu quarto. Lá a imagem repousou por alguns meses.

Em 23 de Abril de 2008, durante uma procissão na sede do Corinthians, o São Jorge partiu e quando perguntaram à Marlene Matheus se aquilo era um mau indício ela respondeu: "Nada disso! Foi um sinal positivo. O São Jorge se libertou de 14 anos de podridão no clube. Estamos em uma nova fase" em alusão a renúncia de Alberto Dualib no ano anterior. O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compartilhar este conteúdo, utilize o link:http://esportes.estadao.com.br/noticias/futebol,estatua-de-sao-jorge-quebra-durante-procissao-no-corinthians,161618O material jornalístico produzido pelo Estadão é protegido por lei. Para compa

Após um empate com o Goiás, estava agoniado e frustrado! Era aquele momento que olhamos para os objetos, mas o cérebro sequer processa as informações. Até o meu olhar descansar no São Jorge. Imediatamente pensei, É o Santo! Será que o Corinthians está nesta urucubaca por causa disso? Irracionalmente, coloquei a culpa não no São Jorge, claro, mas no fato dele estar quebrado! Este Santo dá azar! E sem pestanejar, levei o São Jorge para o mar para lá ficar toda a zica que vivia o meu clube. Portanto, percebas duas coisas: eu não culpei o Santo em si, mas sim o fato de estar quebrado. E, que este gesto foi uma tentativa de salvar o titanic.

O leitor atento já deve ter reparado num equívoco do Gusta em relação a data. O dia não era 1º de dezembro, até porquê não houve rodada da série A nesta data. Nem tão pouco fora na data do rebaixamento, 02/12. O dia que desfiz de meu santo foi no dia 11 de Novembro de 2007, após um empate no serra dourada para um adversário direto ao descenso, o Goiás. Portanto, embora ainda faltavam duas rodadas para o término do campeonato, é compreensível a satisfação do rival. O Corinthians dava passos largos para repetir o destino do navio mais famoso do mundo.

O que achou?


domingo, 8 de março de 2015

Namastê




"±meo, vamos abrir o computador e escrever o que você acabou de dizer" este foi o start deste post com o Renatão me incentivando a fazer isto mesmo.

Na verdade, acho que todos os manuscritos são induzidos por uma necessidade de falar sozinho. Hoje, este espaço virtual facilita o diálogo deles com o público. Recordo dos inúmeros relatos que ouvia nas aulas em momentos nostálgicos da primeira comunidade oceanográfica relatar a valentia de depender das correspondências de papel para propagar a ciência pelo Brasil e mundo à fora.

Primeira turma de Oceanologia no Brasil

Hoje, qualquer muleque anda armado! Não isto não foi outra voz que ouvi agora. Ainda não cheguei na minha quebrada. Mas, hoje qualquer pessoa com acesso à internet pode escrever. E aqui está um benefício. Embora, sou a prova e testemunha de que há malefícios. Afinal, quem nunca fez uma cagada eletrônica? Responda pensando no pessoal e profissional também. Mas, o que quero dizer é que muitos discursos de ódio saiu de muitos papéis cujos somente uma pessoa teve acesso para serem interpretados por muitos mundos. E aqui mora o perigo porque o certo e o errado dos mundos não são universais.

Entretanto, não podemos inocentar o veneno que há muitos manuscritos em papéis. Ui! Aqueles que são de extrema confidencialidade, mas que provocam explosões quando são revelados. Os femininos são os mais. Penso que a estimulação da sinalização celular não é bem desenvolvida em machos (sentido literal da palavra, ativistas!). Acho que a melhor prova é Anne Frank. Comoveu o mundo após o seu pai, Otto Frank, revelar o anexo secreto que ela viveu. Seu diário apenas foi levado seriamente porque o governo holandês encorajou na rádio as pessoas a manterem seus diários como importância histórica. Sempre há uma voz que encoraja a sequência de palavras para explicar um raciocínio!

Esta foi apenas uma das experiências que vivi esta época na Europa.
Sem dúvidas, visitar a casa de Anne Frank foi a mais emocionante.

"A maior malandragem do mundo é viver!" RZO

E o fato é que estou com a GRATIDÃO empossada no meu corpo. O astral de iniciar uma task e concluir suas etapas é um momento de louvor. E agora que já escrevi tudo isso, nem lembro mais o gatilho que o Renatão queria que abrisse o computador.

NOR-MA-LÍS-SSI-MO-!!!



Talvez seja a vontade de ser grato às primeiras pessoas que deram-me amor. Às que vieram depois. De diversas formas de amar, a que possui baterias que nunca acabam são as da amizade. Da família, de infância, da quebrada, dos rolês, das trips, do cotidiano onde as únicas palavras trocadas são de educação... enfim, das amizades da vida. Se conseguires amizades que doam amores de diversas maneiras, ótimo! É um poliamor com conceitos que estendem-se para fora da cama. Em diversos casos, o que não há é cama! Mas são tão prazerosos que, por consequência, são suficientes.

Gratidão aos formadores de minha carreira acadêmica para tornar o profissional que sou hoje. Gratidão aos meus orientadores oficiais e extras. Gratidão ao CALO. Aos meus programas de pós-graduação. Ambos na mesma universidade em que fiz bacharelado: (Fundação) Universidade Federal do Rio Grande. A FURG com mais vida, a FURG do Diálogo, a FURG do CC, do Lago, OBRIGADO, porra!

Foi com toda esta bagagem que cheguei à Universidade do Porto. Mais precisamente no Fish Nutrition and Immunobiology Group, o NUTRIMU. E é este grupo de pesquisa que tornou real a experiência que vivi no Porto, em Portugal e na Europa. Hoje, eu ainda não posso bater no peito e dizer missão cumprida! Decorre que na ciência isto apenas é atingido quando publicamos nossas pesquisas. Mas, não devemos deixar de comemorar uma etapa vencida. E eu venci mais uma! Agora, na bagagem que cheguei, se há um ítem que não corre a mínima chance de ser demasiado chama-se lembranças. E serão muitas!

Amanhã é um outro dia! Estou pronto para buscar meus próximos desafios. E neste momento eles encontram-se em Rio Grande, o berço da oceanografia, no Cassinão, o meu berção. 
Luz acesa, me espera no portão. Prá você ver que eu tô voltando pra casa! Lulu Santos

Este post foi escrito aqui e assim: Paz interior!

"O deus que habita no meu coração, saúda o deus que habita no seu coração. Mais radiante do que o Sol. Mais puro que a neve. Mais sutil que o éter. Esse é o Ser, o Espírito dentro do coração de cada um de nós. Esse ser sou eu, esse ser é você. Somos todos nós, Está em você, está em tudo."

O que achou?

sábado, 14 de fevereiro de 2015

Divirta-se, mas mantenha o respeito!

Ilustração de Pri Ferrari

Em meados dos anos 70, Belchior confessou uma frustração pessoal, e talvez de toda aquela geração, em uma composição eternizada pela voz de Elis Regina. Se um rapaz latino americano compusesse esta canção ainda hoje, caberia. Talvez por isso, a filha da Pimentinha também interpreta este grande sucesso. Sentireis dor, filhos da atual geração, em perceber que ainda sois os mesmos e viveis como os vossos pais? Só o tempo trará esta resposta. Imagino, que a resposta era sim na época da autoria de "nossos pais".


Não quero fazer comparativos, principalmente por não estar apto a fazê-los, mas, percebo que inverteram tanto o leme com a marcha atrás que do oito foi-se ao 80. Penso que com as ditaduras militares estabelecidas pela América do Sul, a palavra de ordem era a liberdade. Hoje, em busca de uma liberdade, proíbem.

É uma partida de futebol que não pode ter torcedor visitante, é um condomínio residencial que não pode ter aves a pousar em suas árvores. É o show de funk que não pode tocar na cidade. O paulistano que não pode tomar mais de um banho. A publicidade de cerveja que não pode conter mulheres seminuas. Certamente, tu conheces um não recente imposto por uma lei, por uma ordem do ministério público ou mesmo pela boca do povo.

"O mundo está chato pra cacete!"

Não lembro qual foi a 1ª vez que a ouvi. Mas, o fato é que nos últimos tempos esta oração é tão verdadeira para definir o tal do "politicamente correto" que adotei como minha. Uma prova do que acabo de dizer, é o cuidado que minha mente involuntariamente busca para escrever o que penso e também o tempo que levei para ter a coragem de publicar isto. Sim, coragem!

Portanto, segue alguns avisos aos militantes diversos. Antes de iniciarem o julgamento (em muitos casos pode-se ler também linchamento dos haters de plantão), gostaria de deixar claro que este post não contém ideias homofóbicas, racistas, machistas e qualquer outro "istas" ou "fóbicas" que estão na moda. Eu não sou assim, logo, este post não pode ter esta intenção.

O gatilho que tive foi um artigo que li no início de Janeiro deste ano (eu disse da coragem, né?). O título era: 10 coisas que você deve parar de dizer (Podes acede-lo aqui). Uma espécie de manual para uma civilização livre de preconceitos. Porra, será que é por aí o caminho? Será que por trás de todos eles, não está também uma proibição de entreter-se! Sim, porque até os gordos, pobres, cabelos pixains tiram sarro deles mesmos ao invocar muitas das expressões da cartilha. A Pri Ferrari disse na rádio gaúcha (veja abaixo) que eu não posso falar pela dor das vítimas. Tem total razão. Mas, o ponto é a partir de que momento há uma vítima? Tentarei explicar-me.


Quando ouço: "Bar, o psicólogo da favela" dentro de um bar na favela, a intenção da frase é enaltecer aquele ambiente. Quem viveu a favela, sente orgulho em ser da favela. Edi Rock diz em um rap, O dinheiro tira o homem da miséria, mas não pode arrancar de dentro dele a favela. E é isso! Somente isto, não há intenção alguma de desprezo, desrespeito, logo não há vítima. Entretanto, pela tal cartilha citada... É PROIBIDO!

Em contra partida, a cartilha "permite" que usemos as palavras branco ou rico, por exemplo. A frase, "isto é coisa de branco" pode ter mais conteúdo racista que "poder para o povo preto". Ou, "esses ricos acham que podem tudo" contém mais ódio que "nóis é pobre, mas é feliz". No fundo, o que falta à cartilha é amor e respeito às diferenças. E, estimados, como sabemos por nada saber, o amor não possui cartilha. Apenas pede-se para vive-lo intensamente e livre de medos.

Não existe um caminho para a paz. A paz é o caminho. (Mahatma Ghandi)

Outro dia fui abrir a porta para uma amiga e ela, Não precisava, eu conseguia! Ok, eu sei que consegues abrir, até crianças abrem, mas posso fazer a gentileza? Pensas que sou sexo frágil? Foi mais ou menos algo deste tipo o diálogo que tivemos dentro do carro. Aquilo ficou em minha mente, que ainda hoje, quando lembro desta história, pergunto primeiro, posso abrir a porta para si? Algumas pessoas já disseram-me, Isto não é gentileza. Se fosse, farias a um homem. Alguns familiares e amigos podem responder por mim.

Alguns dias depois, li a segunda cartilha para a sociedade feliz. Nela estavam listadas 13 expressões que uma "militante feminista interseccional" diz que devemos parar de usar para abolir de vez o racismo (Podes visualiza-la aqui). “A coisa tá preta”, “Mercado negro”, “Denegrir”, “Da cor do pecado”, “Morena”, “Mulata”, “Cabelo ruim”, “Cabelo de Bombril”, “Cabelo duro” estão entre os exemplos. Independente de teu gosto artístico, certamente conhecerás textos que fazem uso destas expressões em contextos lindíssimos que a pretensão em ser racista passa longe. Paralamas do Sucesso, Sandra de Sá, O Rappa, Bicho de Pé, Chico Buarque, Planet Hemp foram alguns que saltaram numa rápida busca mental. Uma dúvida, eu posso dizer que o fundo do poço é escuro?

"Meu caro amigo eu não pretendo provocar... Mas o que eu quero é lhe dizer que a coisa aqui tá preta" (Francis Hime - Chico Buarque/1976)

Estas "leis proibitivas" não são a solução, mas sim uma prática superficial e barata, de rápido prazo e comprovadamente com efeitos positivos na opinião pública. Meu avó ensinou-me que um bom lavrador tira a erva pela raiz. Por isso, seu trabalho leva mais tempo e é justo pagar-lhe mais. Uma prova desta superficialidade veio esta semana com o episódio da publicidade de cerveja em período de Carnaval.

Publicidade da cerveja Skol com a intervenção inteligente.
Clique na imagem para ampliar o post que fez a Ambev reconhecer o seu erro.

Proíbem o uso de mulheres seminuas, mas esta campanha foi feita! Percebem o lote mal carpinado? A reprovação popular do uso de mulheres como um objeto de consumo fez com que as agências publicitárias fugissem desta linha como se isto bastasse para mudar a mentalidade de uma geração. Entretanto, sem esforço em educar e instigar que uma comunidade perceba o que está de grave por trás das proibições, neste caso o machismo, nada mudará. Parece até que soa como um desafio. Não podemos mulheres, que tal esta frase? Logo vem outra estratégia de marketing feita por um homem, que assim como o David Coimbra, achará "engraçado". Proibir não é educar! Pode fazer parte do processo, mas por si, não basta.

Imediatamente após retirar a campanha, a Skol lançou esta.

Por outro lado, há militâncias e militâncias. Há aquelas que atuam inteligente e silenciosamente porém com efeitos estrondosos. Ao perceberem a publicidade da cerveja Skol, a Pri Ferrari convidou sua amiga de trabalho Mila Alves no almoço para intervir nesta mensagem. Sem intenção de promoção pessoal, essas militantes postaram seu protesto num grupo fechado de feministas, que viralizou nas redes. Estas mulheres conseguiram espontânea e pacificamente retirar de veiculação a campanha num reconhecimento da direção da Ambev do erro grave que cometeram. Pri e Mila, em momento algum, proibiu ou manifestou ódio. Pelo contrário, foram educadas, conscientes e, diria até, amorosas com os "amigos publicitários, vocês precisam ter mais noção e respeito."

Mais que isso, o que essas mulheres conseguiram foi trazer a pauta feminista ao público por diversos meios de comunicação. Tive a oportunidade de ouvir o programa Timeline da rádio gaúcha (podes ouvir aqui) e escutar a espetacular posição da Pri Ferrari. E, emocionei no discurso da apresentadora Kelly Matos. Mulheres, sem machismo, meu chapéu foi tirado para vocês quando levantei para as aplaudir.

Minha dor é perceber que apesar de termos feito tudo, tudo, tudo, tudo o que fizemos. Ainda somos os mesmos e vivemos como nossos pais. (Belchior/1976)

Eu realmente quero ouvir a tua opinião! Como disse ao lado, prefiro ser essa metamorfose beleza e um maluco ambulante. O que achou?

P.S.:Em tempo, a Pri Ferrari possui um site bacana com ilustrações da Cafeína, a personagem da imagem que abre este post. Lá ela também "trabalha com conteúdos um pouco mais densos nos assuntos: comida, decoração e animais". O endereço é sugestivo e ilustra uma característica da Pri Ferrari www.cadeomeucafe.com. Ela só não esqueceu de trazer o NUNCA!

P.S.2: Também te amo!

sexta-feira, 30 de janeiro de 2015

Researchers are children


The proof that all researchers are children is even with all technological advances created by Mendeley, EndNote and BibTeX, we always need to say mentally the alphabet when inserting manually a reference.

terça-feira, 6 de janeiro de 2015

Síndico

"Mais grave! Mais agudo! Mais eco! Mais retorno! Mais tudo!" Tim Maia
Muitas pessoas vieram dizer-me que assistiram ao filme do Tim Maia e lembraram de mim. Confesso que estou ansioso e curioso para assisti-lo. Adianto que pelo trailler, eu não achei muito parecido, exceto pela pança do ator.

Entretanto, a 1ª pessoa que associou-me ao Tim Maia foi um irmão que a vida me deu, Gustavo. Ele leu o livro Vale Tudo, o som e a fúria de Tim Maia, escrito pelo grande Nelson Motta e falou-me disto. Coincidência, que meses depois, ganhei este livro no meu aniversário de 30 anos do xará e futuro papai da Maria Clara com uma linda dedicatória (clique aqui para ler um post desta data querida). Livro este que depois viria a ser roubado em Montevideo junto de minha bagagem nos arredores do porto :(

Eu e meu amigo Gustavo Baila que já associava-me ao Tim muito antes do filme! Esta foto foi tirada na noite que despedia dos meus amigos para cruzar, pela primeira vez, o Atlântico rumo a cidade do Porto, em 2013.
Mas, a verdade é que eu tenho mesmo uma admiração pela filosofia de Tim, já que a musical já havia desde o berço, com meus pais. E muito desta veio no livro. Foi bacana perceber que algumas visões que eu tenho da vida, o Tião já tinha. Por exemplo, seus relacionamentos. A intensidade que entregava-se aos seus amores, um de cada vez e cada um à sua maneira, por ser único, é exatamente o modo que eu também penso.
Toda vez que eu olho
Toda vez que eu chamo
Toda vez que eu penso
Em lhe dar
O meu amor
Meu coração
- Pensa que não vai ser possível!
De lhe encontrar
- Pensa que não vai ser possível!
De lhe amar
- Pensa que não vai ser possível!
De Conquistar
Eu amo você, menina!
Eu amo você.
Eu amo você, menina!
Outra visão que eu também partilho é o modo com que o "foda-se" é ligado! - Ah, foda-se! O gajo uma vez foi a Paris com o roupão do hotel que estava hospedado em Londres. Lá chegou, arrumou confusão com um guarda de trânsito, não gostou e disse que nunca mais voltaria a Paris. Foi embora para Londres de novo no mesmo dia. Vale ressaltar que apenas foi a Paris, porque na noite anterior, havia brigado com a sua namorada a ponto de trocarem tapas em dois pubs diferentes e serem separados pelos mesmos dois policiais.

Evidentemente, não sou 100% fiel ao TimMaia's lifestyle, mas isto também não importa ao Tim, ele não estava nem aí para isso. Apenas queria trabalhar com o que queria, a música, e ser feliz. E alguém vai dizer que ele não foi feliz?

O que achou?

P.S.: Este aspirante a escriba deseja-te um puta 2015! Um ano saudável, pacífico, amoroso, bem sucedido pessoal e profissionalmente! Boa sorte! Mais grave! Mais agudo! Mais eco! Mais retorno! Mais tudo!