segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Compartilhe a responsabilidade


Semanas atrás apresentei um seminário no integrafisio, um projeto novo de interação dos acadêmicos do programa da pós-graduação de meu doutorado. A novidade foi que até aquela oportunidade os assuntos eram voltados aos trabalhos científicos desenvolvidos naquele programa e, dessa vez, foi um tema voltado a um outro projeto, também da FURG, mantido por voluntários. Trata-se de uma iniciativa de gestão dos resíduos sólidos gerados na universidade, cujo desafio é encontrar um destino sustentável para o lixo orgânico pré-cozido produzido diariamente pelo restaurante universitário.

Mas, por quê a Lupe e eu decidimos falar de compostagem para um público científico voltado à fisiologia animal?

Talvez por dois motivos... três, sei lá, tipo assim... entende?

Um deles é a vontade de cooperar com este projeto de interação entre os acadêmicos do programa. Um outro, também, é a de tornar pública a existência deste projeto bacana dentro da universidade e, quem sabe, recolher novos voluntários. Entretanto, a principal justificativa é expor um sério problema que o Brasil e o mundo enfrentam desde o final do século vinte, a produção de lixo.

Pela mania antropocêntrica de classificar tudo, os lixos também são classificados pela sua origem (aeroportos, construção civil, saúde, mineração, etc). O lixo que nós produzimos cotidianamente são classificados como Resíduos Sólidos Urbanos (RSS). Segundo dados do IBGE publicado em 2010, referente a 2008, diariamente são produzidos cerca de 184 mil toneladas deste tipo de resíduo. Destes, 51% são orgânicos. Ou seja, considerável porção do lixo urbano pode ser convertida em fertilizante orgânico. E mais, o lixo não tratado, pode causar doenças, prejudicar a saúde, além de trazer danos ambientais. Portanto, é nítida a importância desta atividade, assim como o grande desafio a ser enfrentado.


Além de ser ambientamente amigável, a prática de compostagem possui benefícios econômicos também. Segundo o professor do curso de Agronomia da UFSC, Caio Inácio Tevês, em Florianópolis, a redução do custo de coleta e tratamento dos RSS utilizando a compostagem chega a 30% comparada ao sistema de coleta convencional (aterros sanitários). Mais ainda, o município que adota práticas de separação do lixo e reciclagem ainda gera receitas, como o caso do município de Valongo, uma cidade da região metropolitana de Porto, Portugal, com aproximadamente 24 mil habitantes. Em 2012, este município arrecadou mais de 2,5 milhões de euros com a venda e serviços dos resíduos sólidos. Em Garopaba, SC, o município também reduz os gastos com o tratamento dos RSS, especialmente com o transporte destes, e ainda comercializa a terra gerada pela compostagem a pequenos agricultores, como ilustra o vídeo a seguir. É longo (cerca de 11 min), mas vale a pena.


Como é notório, há uma carência estatal nas políticas voltadas ao lixo. Então, podemos justificar que não fazemos a separação do lixo porque não há apoio governamental para isso. Podemos mesmo? Para essa reposta, o plano nacional de resíduos sólidos pretende que todos os atores geradores de resíduos: os fabricantes, importadores, distribuidores, comerciantes, o cidadão e titulares de serviços COMPARTILHEM a responsabilidade com o manejo dos RSS.

A criança ao brincar na praia já se habitua com a coleta seletiva do lixo, que deve estar em todo lugar
(Praia de Porto, próximo ao Castelo do Queijo, Portugal)

Desse modo, sugerimos no integrafisio que você faça a sua composteira em sua residência. É simples, não produz cheiro, pode ser feita em apartamentos e ainda gera uma excelente terra para suas plantas crescerem mais felizes e saudáveis. Portanto, convidamos você a se engajar nessa responsabilidade. Existem diversos vídeos na internet (o próprio acima possui informações a respeito) de como montar a sua composteira em sua casa e quais os cuidados para o perfeito funcionamento. Eu estou a inteira disposição para de alguma maneira contribuir com o seu projeto de composteira e dou o maior apoio, como um dia fizeram comigo. Aliás, torno público o meu agradecimento ao Christian Gobel por ter dado um grande empurrão nesta paixão.

Ah, e quem quiser conhecer o projeto de compostagem da FURG, pode procurar qualquer um dos voluntários ou entrar em contato conosco na nossa página do Facebook.

O que achou?