quarta-feira, 23 de julho de 2014

Você sabia que a CBF...

Bem, como diz o ditado, onde passa o boi, passa a boiada. Até este mês não escrevia de futebol, eis cá, novamente. Na brincadeira, com 5 curiosidades, inclusive para quem não gosta de futebol, especialmente por conhecerem dos bastidores dos cartolas.


Então? Você sabia que a CBF...

- nos últimos 20 anos mudou de técnico mais vezes que a seleção alemã em mais de um século?

- dará a Dunga a oportunidade de ser o 6º técnico que esteve em duas copas do mundo? Feola, Zagallo, Telê Santana, Parreira e Felipão já tiveram esta honra.

- parece ignorar a história da seleção ao repetir técnicos em copa do mundo? Todos pioraram o desempenho da "estreia", com resultados piores na segunda passagem.
  • Feola: Campeão em 58 e em 66 caiu na 1ª fase.
  • Zagallo: Foi tricampeão em 70, mas em 74 ficou em 4º e em 98 vice.
  • Telê: A exceção nos números, pois tanto em 82 como em 86 o Brasil ficou em 5º. Entretanto, não conseguiu repetir o nível técnico exibido na copa na Espanha, saudado pelos amantes deste desporto no mundo inteiro.
  • Parreira: Técnico do tetra em 94 e eliminação nas 4ªs de final com o gol do Thierry Henry. O que o Roberto Carlos tinha na meia até hoje é uma interrogação.
  • Felipão: O pai da família do penta em 2002 levou a maior goelada da história numa semi-final, 7x1 da Alemanha.
- gastou mais de R$ 15 milhões em reformas na Granja Comary, o centro de treinamento oficial da seleção, para o mundial e que agora irá... entrar em reforma novamente? Sim, esqueceram de privacidade para treinos secretos. Eureka! Eis a razão dos 7x1 da Alemanha!

- desde 2006, escolhe apenas treinadores gaúchos, tchê? Dunga, Mano Menezes, Felipão e Dunga outra vez. Haja fogo de chão! 


O que achou?

segunda-feira, 14 de julho de 2014

A derrota de quem?


Este blog procura não falar de futebol. Não que eu não aprecie, pelo contrário, mas receio perder leitores que não gostem deste desporto e, por isso, evito o assunto. Mas, depois do Brasil levar 10 gols nas duas últimas finais do mundial 2014, ficou difícil de conter as palavras. Talvez se estivesse no Brasil, falaria pelos cotovelos com amigos(as) num boteco e este blog seguiria a regra.

Mas, amig@s, não é de hoje que o futebol brasileiro aponta defasagem em relação ao praticado em outras partes do globo. Em 2010, o SC Internacional foi eliminado de um mundial pelo Todo Poderoso Mazembe. Ano seguinte, um clube brasileiro, o SC Corinthians Paulista, foi, pela primeira vez -e até então única na história, eliminado na pré-libertadores, pelo Tolima, da Colômbia. O Santos FC levou duas goleadas do FC Barcelona, uma delas no mundial. No ano passado, o galo mineiro foi eliminado por uma equipa marroquina, na mesma competição organizada pela entidade maior. Agora, em 2014, dos quatros finalistas da copa libertadores, nenhum clube é brasileiro, o que não acontecia desde 1991. Repito, 1991.

Acontece que nestas horas é mais interessante gozarmos os rivais perdedores que sarar a ferida exposta. Os torcedores agem como marionetes, pois ao invés de cobrarem atitudes dos cartolas, vão ao CT e destroem patrimônios que o clube construiu ao longo de décadas. Pedem cabeças de jogadores. Vide o Fred neste mundial. Até hoje defendo o gajo. Por acaso foi o Fred quem convocou os 23 jogadores? Foi Fred quem escalou-se titular? E, do que vale ter Romário ou Ronaldo no time, se não há um Mazinho ou Rivaldo para os assistirem?

Isto tudo é tão orquestrado, que por vezes parece-me que já estava no script feito pelos cartolas para desviarem de seus focos as suas verdadeiras responsabilidades. Cria-se na verdade um escudo, quando cada um olha pro próprio rabo, leia-se clube. Mas, na seleção brasileira, numa copa do mundo, o cenário muda, pois estão finalmente todos num só ritmo. E aí, uma vitória serve para mascarar o que está errado e uma derrota serve para jogar tudo fora. Nem tanto ao céu, nem tanto à terra.

Quem acompanhou-me neste mundial pode confirmar, mas eu não dei muita bola para a canarinha. No jogo contra a Colômbia, em alguns momentos, torci até contra a seleção cebeefiana. Nos jogos do Brasil, sempre que tive a oportunidade de conversar com alguém não hesitei. Isto é estranho para um brasileiro?

Até seria se não fossem as minhas leituras acerca de:
1) como foi realizada esta copa no meu país;
2) como a cbf é um clube de amigos (com a conivência, inclusive, do meu clube de coração);
3) como o selecionador e sua comissão técnica é ultrapassada e midiática e;
4) como a FIFA mandou no meu país, onde passou por cima até a presidenta da república ao demolir a marquise do ex-Maracanã, patrimônio tombado pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN) em 2000.

Eu até teria outros motivos para listar, mas giram em torno destes 4, como por exemplo, a troca de treinador. Não aceito até hoje o Mano Menezes não ter tido a oportunidade de terminar o trabalho que lhe fora confiado. A base do time do sabichão Big Phill foi tirada de um trabalho de renovação que o Mano teve a coragem de fazer, após a era Dunga. Para piorar, uma troca que não foi por motivos técnicos, mas sim, novamente, para servir de escudo, já que Mano não gozava de popularidade e a máfia da CBF começava a ser denunciada massivamente pelos meios de comunicação, inclusive populares. Atentemos ao recente currículo do novo selecionador: 1) perdeu uma eurocopa por Portugal, disputada em casa, para a Grécia; 2) demitido do Chelsea antes do término da temporada, quando ainda havia mais dois anos de contrato; 3) demitido de um clube usbeque; 4) rebaixou, pela segunda vez na história, a SE Palmeiras. Depois de tudo isso, é difícil aceitar que os critérios para a troca foram técnicos/tácticos.

Paul Breitner, campeão mundial em 1974 pela Alemanha ocidental, participou de uma sabatina no programa Bola da Vez, exibido pelo canal ESPN Brasil, em abril de 2013 e disse que o Brasil "precisa aceitar que joga um futebol do passado". Não soa-te estranho que Ronaldo fenômeno, Deco, Juninho Pernambucano e Seedorf tenham passagens recentes, curtas e brilhantes pelo Brasil onde na Europa já não havia mais espaço para eles? O reizinho da Colina sequer conseguiu destacar-se na MLS (Major League Soccer) em seu final de carreira e regressou ao CR Vasco da Gama após recindir seu contrato nos EUA.

Mas, o que cuidam do futebol acham que sabem tudo deste desporto, quando não são capazes de fazer sequer uma embaixadinha, como disse Romário. Nesta mesma sabatina, Breitner dizia que a Alemanha, até 2002, pensava apenas de dois em dois anos, quando disputavam o mundial ou a eurocopa. E, quando venciam um torneio, acreditavam que os alemães sabiam tudo de futebol, e que eram os outros quem deveriam aprender com eles sobre futebol e cravou: "o Brasil acha isso hoje!". E não é que o Scolari confirmou ontem, após a derrota para a Holanda, exatamente o que Breitner disse em 2013. "Eu? Não preciso [de reciclagem]. Quando ganhei a Copa das Confederações não veio ninguém aqui para se reciclar", arrotou o comandante gaúcho.

Paul Breitner aposentou-se um ano antes de eu nascer. Um ano antes de eu nascer também jogou aquele que é considerado pelo mundo inteiro o melhor Brasil que já entrou em campo, a seleção de 1982. Sócrates, Falcão, Júnior, Zico e cia não foram campeões mundiais, mas foram responsáveis pelo temor que as demais seleções tem ao jogar contra o Brasil. Temor este que esta seleção de Teixeira, Marin, DelNero, Felipão e Parreira acabara de jogar no lixo.


Juca Kfouri deu a seguinte legenda a esta foto: Missão cumprida!
"jogar futebol é um prazer, mas estou cansado das coisas que acontecem fora de campo" (Paul Breitner quando anunciou a aposentadoria).
O que achou?

sexta-feira, 11 de julho de 2014

Nega Velha

Minha Nega Velha eterna!
11 de julho de 2014. Este dia não é apenas a véspera de meu aniversário, onde também jogará a seleção brasileira. Sim, eles foram humilhados pela Alemanha, apenas para coincidirem de jogarem futebol no dia do meu aniversário e, amanhã, os onze entrarão no relvado com os bonés inscritos com a hashtag joga pra ele e hashtag parabéns. Opá, muito prazer, Renatão, ou apenas R9.

Hoje, partiu uma guerreira que acompanhou-me durante pelo menos 15/16 anos. A Lanterna, uma réplica de labrador. Esta cadela, embora prefiro chama-la cachorra, chegou a minha vida através da minha mãe. Na altura, minha mãe tinha uma oficina de jipe na favela da Joaniza, em SP. Sempre ofereciam serviços ou produtos em troca de um trocado. Eis que uma cachorra preta dentro do carrinho de um catador de lixo junto a papelão, latas de alumínio e pets foi oferecida:

- 5 real, dona.

E minha mãe comprou. Na época minha mãe tinha mania de por os nomes de peças ou até marcas de jipe nos cachorros. Biela e Willys são exemplos. Eu brincava que era para lembrar o cliente. E, à nega de 5 reais deu o nome de Lanterna. Eu ouvi piadinhas mais tarde do tipo, é para lembrar a posição do meu clube. Mas, a melhor, que virou até sobrenome, foi:

- ô Renatão, esta lanterna está queimada! (Uma alusão a coloração de minha companheira).

Lanterna Queimada sempre foi de pouca atividade, sempre adorou latir para cachorros livres na rua e sempre fora obediente.

A Lanterna adorava tomar banho em São Paulo, porque sempre após eu desfilava com ela pelas ruas. Pegava escondido o condicionador de minha mãe para o pêlo dela ficar brilhante e sedoso. Ela tinha uma curiosidade muito particular. A Lanterna, embora tenha origens nas classes baixas, odiava trabalhadores braçais. Incrível, ela só mordia pedreiro, entregador de gás, carroceiro e outros do gênero. Nunca entendi como podia ter esse faro.

A exceção talvez seja o entregador de pizza. Afinal, minha mãe ensinara que eles são amigos já que sempre que pedia pizza em SP, pedia também umas esfirras a nega. E ela tinha a astúcia de vir a porta da cozinha e latir como quem diria, mãe, chegou a pizza! E mesmo depois, ficava impaciente zanzando de um lado a outro a espera da janta.

Por muito tempo ela viveu na terra da garoa. Até que em 2008, minha mãe aceitara o convite de trabalhar na Angola. Então, levei para junto de mim, no extremo sul do Brasil. Ela foi de carro, no banco de trás, junto de uma tv de 29 polegadas. Não deu um trabalho sequer, salvo logo no começo quando minha mãe alimentou-a poucos minutos antes de cairmos na estrada. Senti um cheiro estranho e ela tinha chamado o Hugo.

Foi a primeira e, espero, a única vez que fiz o trajeto SP-RS pela BR-116. Parei num hotel e perguntei, vocês aceitam cachorros? O recepcionista disse sim, mas na hora que viu uma labradora e não uma yorkshire vociferou, Mas, com este cachorro terá que ficar no térreo e amanhã a proprietária pode cobrar-te uma diária a mais. Os quartos no térreo eram mais caros, mas o cansaço fez-me aceitar as condições.

Entramos no quarto, uma cama de casal redonda. Dei comida a ela e pus a dormir no banheiro. Quando deitei pensei na situação: se vais pagar uma diária, dormirá na cama. E lá ficou até eu sair.

Esta foto fica nítido porque o recepcionista se assustou com o que eu quis dizer se aceitavam cachorros
A Lanterna adora dar-me surpresas próximo de meu aniversário. A maior foi exatamente no dia dele, 12 de julho, quando nasceram a segunda ninhada da vida de Lanterna. Desta ninhada surgiram o Pinguim, a Massinha, o Farol e o Chibata, sendo os dois primeiros os que mais tempo permaneceram comigo. E por três anos, comemorei aniversário junto destes grandes amigos.

Hoje foi o dia dela partir e ficam aqui algumas palavras em homenagem a esta companheira a quem tanto amei.

Até um dia, minha nega velha. Também te amo!

Uma verdade absoluta no cemitério da Cardeal Arcoverde, SP.

O que achou?