domingo, 23 de agosto de 2015

Desabafo do Cassino

Estimados governantes do município de Rio Grande.



Estou ciente do ódio que é distribuído livremente neste momento virtual. Portanto, é muito difícil que esta carta seja lida sem sequer uma resguarda sobre o conteúdo que pode vir a aparecer neste espaço.

Gostaria de começar por reconhecer os zelos que são feitos até o presente com a comunidade riograndina. Através das secretarias, valoro todos esforços feitos na educação, na mobilidade urbana, no meio ambiente, na cultura, entre outros. Evidentemente, muito deve ser melhorado, afinal somos uma população carente que sequer possui acesso ao saneamento básico amplo. E também não gostaria de menosprezar quaisquer outras ações reivindicadas pela população. Mas, gostaria de tratar sobre a segurança pública, em especial no Cassino.

Em pouco mais de um mês, eu estou envolvido em 3 casos de violência. O mais grave deles foi na madrugada de sábado, 22 de agosto. Bastou uma arma, branca ou de fogo, para uma tragédia maior. Eram pouco depois das 05 horas, voltava de uma festa acompanhado de duas amigas e íamos em direção as nossas casas. Estavámos no passeio da antiga estação de ônibus, em frente ao supermercado. Portanto, estávamos no principal cruzamento do balneário e não na esquina da minha casa. Em nossa direção, corria a gritar outro amigo. Atrás deles, um bando, alguns com bicicletas inclusive. E foi quando aconteceu uma pancadaria generalizada e gratuita. Um carro que passava pela avenida Atlântica percebeu a violência e atirou seu carro em cima do bando para dispersarem, mas não resultou. A este nível, se houvesse uma pistola, tiros seriam disparados. Levei dois capotes, estou com o cotovelo ralado, a panturrilha e o punho dolorido. Meu amigo também está com dores musculares. Esta, como disse, é a terceira vez que encontro-me na típica situação, entre a cruz e a espada. Foi também a maior.

E eu conheço casos semelhantes. As características dos acontecimentos são semelhantes, sempre em bandos. Há pouco mais de duas semanas, uma mulher foi cercada nas proximidades do posto da praia e seus pertences foram roubados. Esta mesma guria, há semanas antes deste episódio teve sua casa invadida enquanto familiares encontravam-se dentro da casa. Novamente, mais um caso que há uma linha tênue para uma tragédia pior. Penso, PMRG, que já deve ser de conhecimento de sua estrutura funcional que o cruzamento da avenida Rio Grande com a Rua Cachoeira é um ponto estratégico no combate a violência no Cassino. Tiro esta conclusão pelo fato da instalação recente de uma câmera de vigilância neste mesmo local.

Porém, estimados, esta ferramenta isolada não trouxe resultados. É ali que esses bandos agem, ou ao menos se concentram. É triste, porque este é um ponto em nosso balneário super interessante, diversificado e muito frequentado por várias tribos, devido à proximidade com acesso 24 horas a alimentos e bebidas.

Por que não cuidar deste ponto, governantes? Poxa, se há um ponto estratégico para a implantação de uma base comunitária da guarda civil metropolitana no Cassino, eis um dos melhores!

O Cassino é muito bacana para ser maquiado apenas no verão. Um reflexo desta prática é exatamente o policiamento intensivo apenas no verão. Não quero menosprezar outros bairros. Eu também quero segurança na Querência, no Parque Marinha, na Quitéria, em Torotama. Mas, eu peço pelo Cassino, porque eu vivo aqui e quero andar a pé em paz.

Também não pretendo diminuir outras causas, temos muitas coisas a nos preocupar, como a lama na praia, a conclusão do skate-park, a construção da ciclovia bolaxa-cassino, enfim, mas todas elas também clamam mais segurança, por favor!


Vivemos uma era de novidades para Rio Grande, talvez um grande momento foi a própria eleição de Alexandre Lindenmeyer, que este blog já felicitou (veja aqui). Acredito que nunca a cidade esteve no estado de violência atual. Vide os casos de grande repercussão dos dois empresários violentados nesta mesma semana. Rio Grande precisa agir com medidas que ofereçam segurança ampla à toda comunidade! E instalação de bases comunitárias em pontos estratégicos e aquisição de uma base móvel da GCM pode ser algumas dessas medidas.

Não quero aqui entrar no mérito do como uma pessoa torna-se criminosa. Há muitos fatores envolvidos e podemos até reconhecer que esta também é vítima de um sistema que o isola e não oferece-lhe oportunidades para ele ser uma pessoa melhor. Acho que a raiz deste mal se cura com amor. E um povo com acesso à saúde, à educação e à cultura é um gesto de amor entre governo e cidadão.

Bem, perdão pela extensão, mas o tema é delicado e urge. Por isso, este desabafo.

Um grande abraço e contem comigo para emanar o amor!

O que achou?