Teatro Rivoli, Porto. |
Convide-a à cerveja numa final de campeonato. Depois, esticam-se os dois juntinhos a ver A noite, de Saramago, em cartaz no Rivoli.
As notas tocadas no piano também são solitárias. O dó é só um dó, assim como o ré, o mi, o sol... Tom Jobim precisou conhecer uma a uma para depois uni-las. Diante da multidão de acordes, a maestria da solidão.
Engraçado ficar triste depois de tanto tempo longe da tristeza. É cá que a comida vem ao prato, a bebida ao copo e a lua solitária ao boêmio.
Há quem diga que a solidão é privilégio dos terrestres. No começo, quando havia duas luas, era tudo mais colorido. Mas, desde que uma lua perdeu a sua companheira, e restou-a a solidão, a Terra foi enfeitiçada e tudo e todos são, no fundo, no fundo, solitários.
Contudo, a lua ainda hoje brinca. Acredita que hoje está na folha do mal-me-quer da margarida. E conforta-se que a próxima é do bem!
Sim, eu brinco com as palavras. Evidentemente que não são em todos os momentos, mas há alguns que despertam a minha criatividade.
Como percebes, junto com a magia europeia que vivencio, tomo goles de solidão. E, não trata-se de uma solidão amorosa, carnal ou coisa do gênero. É de partilhar momentos ao lado de alguém, independente do sexo, idade e credo. Um teatro, um concerto, uma caminhada noturna, um copo, uma risada.
Tenho a certeza que isso é temporário. Pois, estou a dedicar muito do meu tempo com o ensaio que está prestes a terminar. Quando chega a única noite da semana que teria liberdade de horário, estou tão cansado que não animo a sair. E mesmo quando saio, não animo a puxar um papo.
Isso vai terminar!
O que achou?