sexta-feira, 29 de junho de 2012

O azar de levar só um charuto.

Antes, gostaria de pedir desculpas por este post ser extenso. Porém, a riqueza dos detalhes é necessária para transmitir a intensidade de minha viagem. Boa leitura!

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Depois que decidi por os pé na estrada, e no avião, precisei justamente comprar as passagens aéreas.

Isso era uma terça-feira, e a viagem seria no dia seguinte. Pesquisei na internet os preços e, resultado, uma fortuna. A mais barata, ou melhor, menos cara, era mais que o triplo para um trecho que custava 200 reais. E aqui foi outra tortura, vô, num vô, vô, num vô?

Mas, estava disposto a tirar C na disciplina e arcar com esta bronca. Como diz o grito da arquibancada, pelo Corinthians, com muito amor, até o fim! Para este caso, acrescentaria, até ficar "Pelado pelado, nu com a mão no bolso!"

Well, cliquei em comprar e apareceu uma mensagem do tipo: O vôo que está tentando comprar não tem antecedência de 24 horas, por favor ligue para a nossa central. E, mais uma esfolada no bolso, não havia 0800, o número era de São Paulo. Evidentemente, não levei menos que 10 minutos para efetuar a compra dos bilhetes.

Qual a forma de pagamento, Senhor?
Cartão de crédito - e emendei: Quantas vezes dá para fazer sem juros? (Ah, orgulho de ser brasileiro.)

Ufa, tudo certo! Ingresso garantido, passagem comprada, namorada avisada, comecei então a contar as horas. Noutro dia, viagem tranquila, quase, não fosse o atraso aéreo. Cheguei em São Paulo no final da tarde, e em Guarulhos ainda. Isso, para quem não sabe, representa que eu iria pegar o velho, que não tem nada de bom, rush.

Inicialmente, era previsto chegar à casa de mamãe (desocupada por residir na Angola), ir para a sede da torcida e pegar o bumba da caravana até o local sagrado. Que nada, dirigi-me diretamente para o Paulo Machado de Carvalho, o estádio do Pacaembu. Peguei um busão do aeroporto até o metrô, que, claro, demorou mais que a viagem de Porto Alegre/São Paulo. Como é confortante a sensação de largar o ônibus e entrar num trem que vai andar constantemente. Mas, pelo que leio nos jornais, até o melhor meio de transporte da capital não anda lá essas coisas.

Cheguei no estádio, reencontrei um monte de gente, apreciei um saboroso lanche de pernil na porta do estádio, tomei guaraná escondido (há uma lei que proíbe o consumo de bebidas alcoólicas num raio de 200m do estádio.) e apreciei aquele ambiente que amo antes de adentrar na cancha.

Nesta mesma competição, assisti ao Corinthians no Uruguay e lá havia uma pessoa que fumava um charuto que me impressionava. Como eu, que adoro charutos, não havia pensado naquilo antes? Mas, para o Pacaembu eu pensei. Levei um que tinha ganho de um baita amigo, corinthiano por sinal, que trouxera de sua viagem pela ilha dos Castros.

Começa a partida, acendo o meu charuto. Meus vizinhos não aprovaram, mas eu saboreava aquela sensação de estar ali. Corinthians fez dois gols no primeio tempo, estava tudo certo. Estava. Na etapa final, gol do Flamengo. O que significava eliminação, pois no placar agregado o confronto estava 2x2, e o time carioca desempatava pelo critério de gol fora.

Acende outro charuto, aí, meu!

Disse o japonês, um dos incomodados com a fumaceira no primeiro tempo. Mas, havia apenas um charuto, que durou os 45 minutos iniciais, não tinha outro. E, foi assim que minha bandeira virou meu lenço de consolo. Chorei, eu chorei de dor, e muito. Mentalmente, passava o filme de toda loucura para estar ali. Mas, como um bom corinthiano, o sofrimento ainda não acabara naquele instante.

Peguei o ônibus da torcida, o silêncio do Pacaembu à Diadema só foi interrompido pelos choros. Se algum estrangeiro visse o ônibus, acharia que estávamos indo ao velório. Foi triste! Queria chegar logo em casa, tomar uma ducha e descansar para no dia seguinte retornar pros pampas. Mas, a minha mamãe não me alertara que mudara os segredos das fechaduras da sua casa em São Paulo, e como não havia ninguém, precisei sair em busca de algum(a) amigo(a) quase duas horas da manhã. Claro que pensei primeiramente nos boêmios, e deu certo. Uma amiga minha estava numa festa e pode abrir as portas de seu lar para receber meu lenço, meu choro e minha catinga.

Ô Cabral, desce mais uma aí antes de minha amiga chegar.

Foi assim a minha única ida à São Paulo, até o momento, para exclusivamente ver o meu time jogar. Não fiquei nem 24 horas na capital. Paguei alto na conta telefônica do mês seguinte e, até o natal daquele ano, as passagens aéreas fizeram parte do meu orçamento. Como não deu Corinthians, não podia ficar com um C na disciplina, fui de B. Ouvi dizer até, que este professor, corintiano, revelara no dia seguinte do jogo, O meu consolo foi o do Renatão estar lá.

Se acaso for de na semana que vem ir ao Pacaembu, das duas uma, levarei dois charutos, ou controlarei para que dure os 90 minutos. Prefiro levar 3!

Obrigado pela paciência, até a próxima!

O que achou?

4 comentários:

  1. Muito legal Renatao! Agora entendo o porquê da tua aflição na quarta no lab, véspera de Corinthians e Boca. Tu és um doido cheio de amor pelo teu time, nao entendo como é sentir isso por um time de futebol mas também gosto de algumas coisas pelas quais já me vi fazendo o que nao era o esperado.
    O que eu acho? Que deves continuar escrevendo e a gente fugindo daquilo que todo mundo espera que façamos! abração

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    1. Alê, muito obrigado pelo apoio!
      Pretendo continuar a escrever mesmo, estou amando. Ideias não param de bombar, espero que esta panela não queime.
      Adorei tua visita.
      Beijos.

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  2. Muito bom. O texto completo é uma verdadeira crônica. Parabéns.

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    1. Poxa, Euclydes, muito obrigado pelo baita incentivo.
      Só me encoraja a, no mínimo, manter o nível. Esforçarei para isso.
      Abraços e sua visita é sempre bem vinda.

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