segunda-feira, 13 de agosto de 2012

Conhece-te a ti mesmo, no bar.

Como seria Sócrates nos dias de hoje? Quanto tempo vocês acham que ele teria de vida? Ou melhor, com qual idade e como ele seria condenado a morrer pela neoassembleia sofista? (Morte de Sócrates, Jean-Louis David, 1787)


Trabalhar diretamente com as pessoas é uma ótima oportunidade para compreendermos como é e como está organizada a sociedade. É curioso notar como que um simples chamado para o garçom atender uma mesa pode dizer tanto de uma pessoa. É perceptível em diversas situações a educação, a gentileza, o charme, a humildade e uma série de características pessoais que estão embutidas na expressão corporal. Assim o garçom já se prepara psicologicamente quando sente a arrogância e a grosseria de uma pessoa ou arma o sorriso contagioso de quem o solicita. Este tipo de trabalho permite que o ser humano reflita de questões sociais e adquira sabedoria.

Certo dia um rapaz no bar se dirigiu a mim e disse,

- Tchê me dá um toque quando retirar a minha cerveja do balcão.
- Perdão eu retirei sua cerveja, havia bebida ainda?
- Não, eu estava bebendo a cerveja do rapaz ao lado pensando que era minha.
- Ah… -pensei, a tua cerveja estava vazia e você bebeu a cerveja do vizinho, e a culpa é minha?!?- Ok, perdão, aceita outra cerveja?

Não é de hoje que o ser humano abandonou o Nosce te ipsum escrito na cidade de Delfos, na Grécia antiga. Em latim, Nosce te ipsum significa: "Conhece-te a ti mesmo" e esta mensagem aparecia no portal do santuário dedicado ao deus Apolo, deus da luz, da razão e do conhecimento verdadeiro, o patrono da sabedoria. Em minha opinião há uma transferência de erros na situação acima do tipo a culpa é minha e ponho onde bem querer. Não seria mais elegante e enriquecedora a atitude de assumir o erro e corrigi-lo? Mas, é cômodo apontar ao invés de reparar. Melhor então quando a pessoa a qual se transfere o erro esteja em um nível inferior, neste caso, o garçom é submisso ao cliente.

Com o tempo que tenho nesta passagem, aprendi que muitas vezes, senão todas, é melhor permitir uma pessoa achar que é esperta, que está certa quando está errada. Isto porque, geralmente, quando eu exigia a verdade e o certo no trânsito, na feira, no bar ou onde que que esteja, isto fazia mal a mim. Tanto pela alteração no meu estado emocional como pela consciência de que aquela pessoa com a qual houve o atrito não se deforma, está livre desta mesma força que impede o movimento. Ela não está disposta a mudar, a ceder. Talvez a única coisa que entrou na cabeça dessa pessoa nas aulas de física foi "desconsidere o atrito" das questões de provas.

Já leram a história abaixo?

Certo dia o pai observa seu filho raivoso. O pai leva um saco de carvão até o filho e diz para descontar toda sua ira arremessando os carvões numa camisa branca no varal supondo que esta era quem ele estava com raiva. Ao acabar com os carvões, o menino estava cansado e alegre por alguns pedaços terem acertado o alvo. O pai o colocou diante de um espelho que leva um baita susto, pois apenas enxergava seus dentes e os olhos. Ou seja, o mal que desejamos aos outros é tão mal como o que nos acontece com os resíduos deste pensamento.

"Cuidado com os seus pensamentos, eles se transformam em palavras; Cuidado com suas palavras, elas se transformam em ações; Cuidado com suas ações, elas se transformam em hábitos; Cuidado com seus hábitos, eles moldam o seu caráter; Cuidado com seu caráter, ele controla o seu destino."

É bem isso! Deixe o cidadão achar que o erro foi meu, aliás, crescerei mais ainda se realmente enxergar o erro em mim. No fundo, no fundo, torno uma pessoa mais compreensiva de mim mesmo. Vejam, também não digo que devemos nos abster e deixarmos o errado passar por certo, mas é tarefa nossa identificarmos quais os momentos oportunos para tanto e quais aqueles que não fazem diferença alguma em nossas vidas.

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6 comentários:

  1. a verdade mesma....sempre as pessoas temos a tendencia para enxergar antes a biruta no olho ajeno que o galho no proprio olho, a sabiduria esta presente em conhecer la propria ignorancia e sempre procurar o conhecimento nas ensinas que a vida e as pessoas envolvidas nosso redor.Grande pensador Renatão,os sofistas nessa vida desapareceram e Socrates poderia vivir o inclusive se matar por odio a esta sociedade

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    1. alem de que o respeito nao precissa de palavras como vc bem falou..o corpo,a cara e o olhiar é o espelho do alma e se pode conhecer como agirá uma pessoa por seus modos.abraços Renatão.

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    2. Fala Joaquin, uma honra a tua visita. Cara, eu discordo que os sofistas desapareceram. A persuasão ainda é forte atualmente. No mais, concordamos.
      Abraços e volte sempre!

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  2. eai meu bruxo!!!!vc tem razão eu quando falei da desaparecida das sofistas me referi a que os verdadeiros sofistas na aquela epoca tinham un proposito claro:alhudar outra clase social para dirigir a sociedade basseados no conhocimento e tentar mostrar sabiduria para que todo fosse melhor encaminhado no equilibrio.Os sofistas nunca gostaram se mostrar e ficabam na penumbra mas eles erao ouvidos,infelizmente hj os sofistas permacem ocultos ou apartados, e como bem te falei foi feito por essa classe social que infelizmente se pinduraram o cartaz de sofistas quando na realidade sao ladronistas.A SABIDURIA PERMANECE E SÓ TEMOS QUE ACHAR O CAMINHO PARA PODER FICAAR PERTO DELA.....ABRAÇOS BRUXO!!!

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  3. Muito interessante a historia do carvão, Renatão!
    As vezes é difícil se calar, principalmente diante de injustiças e, de fato, o pó do carvão muitas vezes respinga! Mas prefiro o carvão ao calar-me. BJs!

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    1. Olá Márcia, é uma honra a tua visita.
      Como disse no blog, devemos saber o momento de se sujeitar as respingas.
      Beijos e volte sempre!

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