segunda-feira, 27 de maio de 2013

A sorte ajuda os animais


0,0000000001% de possibilidades desta história acontecer novamente. Boa leitura!
Esta é a continuação do post Vivemos para contar, que você pode ler clicando aqui.
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- Boa noite, disse o policial iluminando o interior do carro com sua lanterna.
- Er, boa noite!
- Documento do carro e habilitação, por favor.
- Claro! -e comecei a ficar tenso, pois eu não possuía o documento do ano em vigor, apesar de a documentação estar em dia.

Enquanto procurava os documentos solicitados, o policial iluminava o rosto de cada um dos sete integrantes da viagem.

- Aqui estão -entreguei os documentos já começando a explicar. O documento deste ano o antigo proprietário ainda não entregou, mas ela está dia, senhor.

O policial examinava os documentos, enquanto deu uma volta na toyota.

- Sr. Renato, o senhor pode me acompanhar aqui no posto.
- Claro!

Antes de descer da toyota, olhei para a galera com aquela cara de desespero, que rapidamente contagiou o resto do pessoal. O posto ficava do outro lado da faixa, e enquanto atravessava a pista estava a pensar: Pronto! Agora os policiais vão querer um cafézinho, mas eu não tenho nada, nenhum puto para oferecer. Assim que entrei o policial dizia:

- É seu Renato, a coisa complicou para o seu lado.

Neste momento lembrei que eu possuía a permissão para dirigir e que não poderia tomar nenhuma multa gravíssima, ou atingir uma pontuação X de infrações, pois, caso contrário, eu perderia o direito de dirigir.

- Eu vou tomar uma multa gravíssima? -perguntei com uma cara de mais desesperado ainda.
- Uma? Renato, eu vou listar para você as multas que você será autuado. Eu te parei porque o teu veículo estava com um dos faróis queimado. Quando você parou descobri que havia excesso de barulho e, depois, de passageiros. O senhor não porta o documento vigente de seu veículo, embora ele realmente esteja em dia, e eu ainda não quis vistoriar o interior do seu veículo, mas acredito que posso encontrar entorpecentes no interior dele, não?

Eu pergunto a você, leitor(a), o que você faria diante desta situação, todo errado e sem dinheiro?
Sem alternativas do que fazer, pensei rápido, eu preciso trazer esses policiais para o meu lado e comecei uma verdadeira dramaturgia em plena madrugada dentro do posto da polícia rodoviária federal.

- Não, seu guarda, mas você não pode fazer isso comigo, seu guarda. Pelamor de Deus, seu guarda. Eu deixei de fazer um monte de coisas no ano passado por causa deste carro, seu guarda, desta porcaria. Era oficina mecânica, era DETRAN, era o antigo proprietário me cobrando, eu trabalhei seis meses da minha vida para fazer esta viagem de fim de ano. Eu não posso acreditar, nisto, seu guarda. Se o senhor aplicar todas essas multas que o senhor listou aí, eu vou ter que voltar pro mar, tenho que pular mais 7 ondas, não é possível. É muito azar para começar um ano novo assim, desse jeito, seu guarda. Por favor, não faça isso comigo.

Pude perceber que minhas habilidades de persuasão estavam a resultar em êxito e que os policiais passaram a se divertir comigo e com aquele drama todo.

- Não eu não posso acreditar, essa lacraia só me trouxe tristeza, eu não posso acreditar o quanto ela está me arruinando. Não tenho dinheiro, porque o que ganho é para pagar peças, não tenho final de semana, porque sempre tenho serviços para fazer nela e agora eu não tenho réveillon. Eu não acredito!

Aí um deles me perguntou:

- Você está viajando para onde?
- São Paulo, senhor.
- Olha, Renato, acredito que este teu veículo não seja tão veloz, mas reduza a tua velocidade.
- Por quê, seu guarda? – Confesso que não tinha captado ainda a mensagem.
- Porque eu parei você devido os teus faróis queimados. Daqui algumas horas amanhece e seria interessante você passar no próximo posto policial já com os faróis apagados. Boa viagem! Disse o policial me entregando os documentos.

Quando ele disse isso, eu não acreditei, mas também não queria dar tempo para o policial se arrepender do arrego que me dera.

- Seu guarda, muito muito obrigado! Disse enquanto retirava os documentos da mão dele, e ainda soltei: Percebi o quanto vocês são honestos, mas de coração, seu guarda, eu não tenho nada para oferecer um cafézinho a vocês, apenas a minha gratidão.

Eles me acenaram com aquele tchau, vai embora logo!

Atravessei a faixa, abri a porta do jipe, olhei para todo mundo assustado.

- E aí, Cruj? O que aconteceu?
- Os homens por favor, desçam do carro que a toyota não tem mais partida, precisamos dar um tranco nela, e rápido.

Eu gostaria de ver a imagem como um terceiro observador, um bando de homens empurrando a toyota sem escapamento no acostamento, dois policiais de braços cruzados do outro lado da faixa e um motorista bobo acenando para os policiais.

- Tchau, seus guardas, muito obrigado, feliz ano novooo!

BRUUUUMMMMMMMMMMM!

E foi assim a minha primeira viagem com a GUERRERA. Uma divertida aventura, que por pouco não tornou-se trágica, não? 0,0000000001% de acontecer novamente.

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